Leana Braga - Gerente de Tecnologias e Economia Criativa do Senac RJ Divulgação

Em pleno século 21, meninos e meninas ainda são criados e desafiados dentro do estigma social de que funções e carreiras devem ser determinadas pelo gênero. Meninos ganham foguetes, meninas bonecas. Meninos brincam com blocos de construção, meninas cozinham. A dicotomia de rosa versus azul, humanas ou exatas, liderado ou liderança, não tem mais espaço em uma sociedade que prima pela equidade de gênero.

Na área de Tecnologia da Informação (TI), mulheres vêm fincando bandeiras, conquistando espaço e ocupando 20% das vagas do segmento. Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em 2021, apontam um crescimento de 60% na participação feminina no mercado de TI nos últimos cinco anos, com um salto de 27,9 mil para 44,5 mil mulheres em 2020.

No mercado que cresce exponencialmente, enquanto amarga um déficit de mão de obra qualificada, talento, inovação e capacidade técnica falam mais alto do que gênero. Há exemplos históricos, como o de Ada Lovelace, ícone da programação, responsável pela primeira descrição de um algoritmo destinado ao processamento de dados, ainda no século 19.

Katherine Johnson forjou a história da corrida espacial norte-americana tendo calculado a trajetória do primeiro projeto tripulado da Nasa e da Apollo 11, que levou o homem à Lua. Se hoje temos a internet na palma da mão, devemos agradecer a Hedy Lamarr, inventora do sistema de comunicações que baseou a criação da telefonia celular e do wi-fi.

A luta pela paridade tem muito mais força hoje do que há algumas décadas, o que ajuda a formar uma sociedade mais justa e a romper a barreira de gênero para que mulheres e homens atuem em pé de igualdade. Levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) aponta que até 2024 serão necessários 420 mil profissionais de TI para suprir a demanda do mercado. Quantos destes profissionais serão mulheres?

Hoje, elas são 28% dos estudantes dos cursos do eixo de tecnologia do Senac RJ. Visando incrementar a presença feminina em sala de aula e a formação dessas futuras profissionais, lançamos o ‘Elas na Tecnologia’, programa de soluções educacionais em TI para mulheres, focado em qualificá-las para que sejam as programadoras, desenvolvedoras, analistas e cientistas de dados que as empresas buscam.

Devidamente capacitadas, elas suprirão a demanda do mercado e as suas próprias, com independência financeira, empoderamento intelectual e o júbilo pessoal de suas conquistas, além de se tornarem inspiração para as próximas gerações de meninas na tecnologia. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser.
Leana Braga é gerente de Tecnologias e Economia Criativa do Senac RJ