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Flávio Lopes Presidente da Comlurb
O conceito de economia circular pulsa no mundo, com iniciativas globais que buscam fazer associação com ideias de reaproveitamento de materiais. Na Comlurb, encaramos a economia circular como paradigma estratégico. Aqui, valorizamos o reuso, o conserto e a transformação. O maior exemplo disso é a
fábrica que temos na Zona Oeste, a Aleixo Gary. Lá fabricamos produtos, mas a marca mais forte do nosso trabalho é a reutilização de materiais. O princípio básico da fábrica, hoje, é ser uma recicladora de bens, onde tudo é feito com base no contexto do desenvolvimento sustentável aplicado à política dos 5 Rs:
reduzir, reutilizar, reciclar, recusar e repensar.
Tudo que é feito na fábrica leva o carimbo de sustentabilidade. A varrição das ruas da cidade, por exemplo, ganhou duas novas peças que só foram possíveis graças à criatividade dos garis. Uma das grandes sacadas da turma foi a transformação de papeleiras deterioradas pelo tempo de uso ou vandalizadas em papões, espécies de pás. Já os contêineres de 240 litros danificados são transformados em lutocar, equipamento tipo carrinho, feito a partir do reaproveitamento de contêineres sem condições de uso.
Pensar em economia circular é propor o uso de determinada matéria-prima até o seu esgotamento, sem condição de ser transformada, reutilizada ou reciclada. O sonho de qualquer gestor de empresa pública de limpeza urbana é ter a certeza de que os produtos estão sendo cada vez menos descartados e passando por processos de transformação, como legado de uma cadeia sustentável. O EcoParque do Caju conta com exemplos bem acabados de reaproveitamento de fração dos resíduos orgânicos coletados nas ruas, como o
equipamento doado pela cidade alemã de Colônia que faz a fragmentação e o peneiramento dos restos de poda. O produto deste tratamento está sendo usado como combustível de fornos de cerâmica e como substrato para compostagem.
Entendemos como fundamental nesse processo a reciclagem de materiais potencialmente recicláveis, que devem ser transformados em matéria-prima para novos bens de consumo. A coleta seletiva da Comlurb é importante, mas a cadeia da reciclagem tem hoje viabilidade econômica tamanha que faz com que outros atores entrem em cena e os resíduos potencialmente recicláveis acabem deixando muitas vezes de ser entregues aos nossos caminhões e fiquem com os catadores informais, uma realidade viva nas ruas e muito
respeitada, inclusive com o reconhecimento da nossa Companhia, já que esse trabalho compõe parte de suas rendas familiares.
A Comlurb tem como meta estratégica reduzir a quantidade de resíduos enviados diariamente ao Centro de Tratamento de Resíduos Rio (CTR-Rio), em Seropédica. Praticar economia circular é pensar no futuro e deixar um legado para as gerações futuras. O desafio está posto. É fundamental repensar os desperdícios e otimizar o uso dos recursos disponíveis, com gestos simples, como reaproveitamento de materiais de consumo. Estender a vida útil de produtos, com pequenos reparos e manutenções, é um dos pilares do conceito de economia circular.
*Flávio Lopes é presidente da Comlurb