Joana Miraglia, diretora do Instituto Superação – Formação pelo Esporte (ISFP) Divulgação
Frente a esse quadro, o Esporte e a Educação Física apresentam-se como ferramentas privilegiadas para promoção de saúde mental e física. Não é à toa que uma das principais recomendações dos especialistas para melhorar o bem-estar incluem atividade física. Segundo a Diretoria Geral para Ciências Humanas e Sociais da UNESCO, “a Educação Física de qualidade é uma ação de baixo custo e alto impacto, que reduz os gastos com saúde e melhora o aprendizado e a resiliência dos jovens”. Os resultados do estudo da UNESCO mostram que investir em Educação Física nas escolas pode reduzir a obesidade, bem como diminuir a depressão e a ansiedade em até 30%, além de melhorar a aprendizagem dos alunos em até 40%. Dados que não só ajudam o setor educacional, mas o da Saúde, que gasta, em média, somente no Brasil, cerca de R$ 300 milhões em internações (dados da Universidade Federal Fluminense – UFF), por conta da inatividade física. Exemplo disso é o Instituto Superação: Formação pelo Esporte, organização social que tem como propósito contribuir e fazer a diferença na vida de crianças e adolescentes da rede pública de ensino por meio da educação e do esporte. A instituição criou um método próprio de trabalho, o Método DNA Superação, que promove o socioemocional atrelado ao desenvolvimento esportivo, com atividades realizadas no contraturno em escolas públicas de SP e MG.
A solução parece óbvia, mas estamos muito longe disso. No Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde, 84% de adolescentes entre 11 e 17 anos não praticam o mínimo de atividade física regular recomentada pela OMS. E uma das causas é a falta de espaço adequado. A comprovação vem de um levantamento do Ministério da Cidadania, que apontou que quase a metade das escolas de educação básica no Brasil não contam com locais para os alunos praticarem algum esporte.
Essas deficiências comprometem a saúde física e mental dos alunos e alunas, além de subaproveitar uma ferramenta privilegiada para promoção de desenvolvimento humano e acadêmico: e educação física escolar. Amor, disciplina, espírito de equipe, coragem, humildade e superação são valores trabalhados pela organização para estimular que os alunos e alunas a queriam sempre fazer o seu melhor. E a infraestrutura dentro das escolas é essencial para a garantia deste direito aos estudantes da rede pública de ensino.
Justamente o que deveria ser um dos alicerces na Educação, na formação de cidadãos e cidadãs mais conscientes, saudáveis e integrados à sociedade, é o que é colocado de escanteio. Sem colocar a atividade física no lugar que se deve na Educação, a cultura brasileira em relação ao esporte fica incompleta e ironicamente às avessas. Se não associamos os pilares de desenvolvimento dos alunos com a educação esportiva, só podemos colher estatísticas devastadoras. Não por acaso, o novo estudo liderado por pesquisadores das universidades de Cambridge e Edimburgo e publicado este mês na The Lancet concluiu que a atividade física previne cerca de 3,9 milhões de mortes precoces por ano em todo o mundo.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.