Andreia Soares Calçada psicóloga clínica e jurídica. Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil. Mestre em sistemas de resolução de conflitos. Autora de livros e artigos na área jurídica Divulgação

Nestes mais de 20 anos atuando como psicoterapeuta infantil, percebo a dificuldade dos profissionais da área em diagnosticar a depressão em crianças. A depressão na infância possui particularidades, que precisam ser observadas já que são diferentes as manifestações do problema em crianças e nos adultos, em função do processo de desenvolvimento que existe na infância e adolescência. O sofrimento moral, por exemplo, responsável pela baixa autoestima, no adulto pode se apresentar como um sentimento de culpa e, na criança, como ciúme patológico do irmão mais novo, por exemplo.
Crianças pequenas têm mais dificuldades em identificar e expressar o que sentem e acabam apresentando somatizações no corpo, problemas comportamentais como a agressividade e distúrbios alimentares. Apresentam também tristeza e a falta de motivação, como os adultos.
Faz parte de uma avaliação psicológica adequada a integração dos sintomas apresentados, com os dados obtidos durante o processo diagnóstico, desde a entrevista com os pais (histórico familiar e dos sintomas da criança, bem como suas interações sociais), até sua interação com o examinador e o conteúdo de suas projeções lúdicas e em testes projetivos. Os conteúdos, daí advindos, darão, junto aos sintomas apresentados, uma consistência maior ao diagnóstico.
Além das entrevistas com a criança, é muito importante obter informações sobre sua conduta, segundo informações dos pais, professores e outros colegas médicos ou psicólogos, costurando tais dados aos outros do processo diagnóstico. Importante também identificar o histórico de depressão na família já que o fator genético é importante.
Os sintomas mais frequentes da depressão na infância e adolescência costumam ser os seguintes: insônia, choro, baixa concentração, fadiga, irritabilidade, rebeldia, tiques, medos, lentidão psicomotora, anorexia, problemas de memória, desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar presente.O tratamento deste tipo de transtorno necessita de atenção especializada, Psicoterapia, orientação à família, atuação conjunta escola-família e psicoterapeuta, além de avaliação psiquiátrica. O preconceito à medicação deve ser trabalhado junto aos pais, caso realmente se faça necessário o uso deste recurso.
*Andreia Soares Calçada psicóloga clínica e jurídica. Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil. Mestre em sistemas de resolução de conflitos. Autora de livros e artigos na área jurídica