Mônica Fonseca porta-voz da SOS Mata Atlântica.Leo Barrilari/SOSMataAtlântica/Divulgação

DIEGO MARTINEZ - PORTA VOZ - SESSÃO DE FOTOS NO CENTRO DE EXPERIMENTOS FLORESTAIS, NOVA SEDE DA SOS MATA ATLÂNTICA, NA CIDADE DE ITU, INTERIOR DE  SÃO PAULO. Foto: LÉO BARRILARI/SOSMA - Léo Barrilari/Divulgação/SOS Mata Atlântica
DIEGO MARTINEZ - PORTA VOZ - SESSÃO DE FOTOS NO CENTRO DE EXPERIMENTOS FLORESTAIS, NOVA SEDE DA SOS MATA ATLÂNTICA, NA CIDADE DE ITU, INTERIOR DE SÃO PAULO. Foto: LÉO BARRILARI/SOSMALéo Barrilari/Divulgação/SOS Mata Atlântica
A porção da Serra do Mar entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo abriga um dos principais trechos contínuos de Mata Atlântica. É nesse território que encontramos o Mosaico de Unidades de Conservação da Serra da Bocaina – ou, simplesmente, Mosaico da Bocaina. Esse território, além de abrigar um conjunto muito expressivo de Unidades de Conservação bem consolidadas, como parques e reservas, conta também com um elevado índice de biodiversidade.
Os mosaicos de áreas protegidas são um modelo de gestão territorial que, reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente, busca a integração e envolvimento entre gestores de Unidades de Conservação com a população local. O objetivo é otimizar recursos materiais, técnicos e humanos, bem como integrar as políticas dos diferentes órgãos gestores e a sociedade.

A presença de enormes trechos de floresta nesse mosaico deve-se, em parte, ao relevo muito acidentado, que dificultou historicamente a ocupação e o uso da terra para a agropecuária intensiva. Entretanto, as terras baixas litorâneas, principalmente nas regiões de manguezais e restingas, sofrem com a crescente urbanização e industrialização, o que torna as estratégias de conservação e fiscalização ainda mais urgentes.
A geografia, as belezas cênicas e os ambientes conservados fazem com que essa seja uma região muito procurada para o ecoturismo. O Parque Nacional da Serra da Bocaina, situado no centro do Mosaico, está entre as cinco Unidades de Conservação mais visitadas do país. Números anteriores à pandemia indicam uma média de 700 mil visitantes por ano.
Outras Unidades de Conservação que se destacam em números de visitantes são o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, também no Estado do Rio. Mas também é importante destacar o conjunto de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que protege aproximadamente 2,3 mil hectares na região.
As RPPNs, de maneira geral, assim como as localizadas especificamente no território do mosaico, ainda exploram o ecoturismo de forma pouco significativa. Contudo, as reservas particulares situadas no entorno de Unidades de Conservação públicas que recebem grande fluxo de visitantes, como as que mencionamos, podem se beneficiar muito do turismo. A visitação, afinal, pode ser compartilhada – e o fluxo turístico pode alcançar as reservas privadas, favorecendo a formação de um pequeno circuito turístico.
Essa sinergia entre as unidades públicas e privadas, além de impulsionar a Economia local e fortalecer a proteção da biodiversidade e a conservação dos remanescentes de Mata Atlântica ainda não formalmente protegidos, pode também contribuir com iniciativas e políticas públicas que criem condições de sustentabilidade para as RPPNs.
Foi pensando nisso que a Fundação SOS Mata Atlântica lançou, este mês, um edital de apoio à criação de novas RPPNs no Mosaico da Bocaina. Com o resultado dessa iniciativa, a organização espera poder contribuir para a consolidação do Mosaico da Bocaina e também para o desenvolvimento socioambiental no contexto regional, fortalecendo iniciativas de sustentabilidade econômica e ajudando na consolidação de programas de uso público e ecoturismo na região. As RPPNs podem fortalecer, e muito, o Mosaico da Bocaina.

Mônica Fonseca é bióloga e mestre em Ecologia e Conservação pela UFMG, com experiência de mais de 20 anos em trabalhos com o terceiro setor
Diego Igawa é biólogo e coordenador de Projetos da Fundação SOS Mata Atlântica, com especialização em Gestão de Projetos Sociais em Organizações do Terceiro Setor e mestrado em Oceanografia