O vice-prefeito do Rio, Nilton CaldeiraReprodução / redes sociais

Na semana em que se comemorou o Dia Mundial da Alimentação, a Secretaria Municipal do Ambiente e Clima anunciou a reestruturação do programa Hortas Cariocas, que acumula mais de mil toneladas de alimentos orgânicos produzidos e cerca de 60 mil famílias beneficiadas ao longo de 16 anos de existência.

Para quem não associou o nome à pasta, me refiro à antiga Secretaria do Meio Ambiente, que, em julho, ganhou nova roupagem após identificarmos a necessidade de reforçar a área de mudanças climáticas e seus impactos ambientais para a cidade.

Voltemos ao Hortas Cariocas. Um programa que, em sua essência, tem o objetivo de ocupar áreas em fragilidade ambiental, criar postos de trabalho, gerar renda, afastar jovens da criminalidade e, sobretudo, contribuir para reduzir a insegurança alimentar da população, merece atenção especial, principalmente quando o quadro de fome se intensifica no mundo. Segundo dados divulgados no segundo semestre deste ano pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, mais de 57% da população do Rio de Janeiro passa por algum nível de insegurança alimentar.

A fome quadruplicou no estado após a pandemia: em 2018, o percentual de cidadãos passando por insegurança alimentar grave era de 4,2% da população. No levantamento deste ano, o índice passou para 15,9%.

Com base na necessidade cada vez mais premente de garantir o acesso à alimentação saudável para a camada mais vulnerável, o programa, que atualmente conta com 56 hortas, sendo 29 em comunidades e 27 em escolas, entrou em nova fase. A meta é criar procedimentos de gestão mais robustos, atrair investimentos e firmar novas parcerias, ampliando as áreas contempladas e beneficiando cada vez mais pessoas.

O potencial do programa é reafirmado a partir das premiações nacionais e internacionais que recebeu, incluindo uma menção honrosa no Pacto de Milão na categoria Produção Alimentar (2019) e o Prêmio Empreendedor Sustentável (2015). Em 2020, a ONU incluiu a iniciativa na lista de ações essenciais para alcançar oito Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), um feito raro entre todos os projetos mundiais.

E por falar no Pacto de Milão, tivemos a honra de receber recentemente, na horta Dirce Teixeira (Jardim Anil), a delegação que esteve presente no 8º Fórum Global, realizado pela primeira vez em nossa cidade. Mais de 60 representantes de diferentes países conheceram o espaço e fizeram plantios de espécies frutíferas num espaço que foi batizado de “Pomar Pacto de Milão”. Uma alegria para as centenas de famílias beneficiadas na região e para os mutirantes que atuam naquela horta, que se diferencia das demais por integrar uma agrofloresta.

Também não poderia deixar de mencionar o incentivo no combate ao desperdício de alimentos, a criação de espaços de convivência e a capacitação de cariocas para a gestão empreendedora. As atividades extracurriculares em nossas hortas escolares convergem para atividades de plantio, separação e compostagem orgânica, as quais servem como moedas de troca.

O investimento em sistemas de cultivos sem solo (Hidroponia e Aquaponia) também é um diferencial, além dos diversos cursos realizados por meio de parcerias em nossas hortas. Todas essas características fazem do Hortas Cariocas uma ferramenta legítima de mitigação da insegurança alimentar, altamente capaz de inspirar outras cidades e países, que, com frequência, enviam representantes para conhecer os espaços e sua dinâmica.

Concluo com outro destaque do programa: a horta do Parque Madureira Mestre Monarco segue avançando para atingir a extensão equivalente a 15 campos de futebol. Atualmente, o local já conta com 55 canteiros produtivos e outros 95 em desenvolvimento. Em breve, os cariocas terão mais um motivo para se orgulhar: a cidade será detentora da maior horta urbana do mundo!
Nilton Caldeira é vice-prefeito do Rio e secretário do Ambiente e Clima