opina5dezARTE O DIA

Este ano marcou o centenário de um dos mais notáveis brasileiros do século passado. Mario Bhering, um engenheiro, apolítico, que conquistou a admiração e o respeito de presidentes de diferentes tendências, desde JK, aos três militares, Costa e Silva, Médici e Geisel, a Tancredo Neves e José Sarney. Um gigante pelos valores éticos, morais, técnicos e de liderança inconteste.
Podemos chamar Mario Bhering de “pai do setor elétrico brasileiro” pelos relevantes serviços prestados e participação nos grandes projetos que dotaram o país de invejável acervo hidrelétrico. Foi pioneiro no projeto e obra de Itaipu, acordo binacional assinado no governo Médici para a construção de gigantesca usina.
Com JK, Bhering participou da fundação da Cemig e foi seu diretor, vice-presidente e presidente, justamente nos momentos de crescimento desta formidável e exemplar empresa brasileira. E o carisma, o dinamismo e a competência fizeram com que tivesse boa parte da carreira no Rio, no comando da Eletrobras, como diretor de Furnas e na obra de Itaipu, a cujo conselho pertenceu.
Ganha relevo essa posição de ‘número um’ da eletricidade, pois o setor sempre foi ocupado por notáveis gestores. Passaram pela Eletrobrás personalidades como Costa Cavalcanti, Antonio Imbassahy, José Antonio Muniz Lopes, Aloisio Vasconcelos – mineiro e com passagem na Cemig –, Firmino Sampaio e José Luiz Alquéres, este seu discípulo integral, a quem dedicou grande estima.
Pela habilidade natural nos filhos das montanhas mineiras, deve-se a ele o redesenho do setor elétrico após a encampação das empresas norte-americanas, com a distribuição passando aos estados e a geração com a Eletrobras, onde, além de Furnas e Hidroelétrica do São Francisco, ele criou a Eletrosul e a Eletronorte.
A Memória da Eletricidade, outra criação sua, distribui anualmente o Prêmio Mario Bhering a destaques do setor. Oportuno e nada mais natural ser lembrado, em momento que a área atravessa situação delicada, com a perda de rentabilidade, em parte, por culpa de gestores que não sabem ser uma concessão de serviço público merecedora de um trato mais pragmático e político. O distanciamento tem custado caro aos
investidores de um setor que sempre foi lucrativo.
Com meio século na área, acredito que Mario Bhering, no setor público, e Antônio Gallotti, no privado, foram os grandes a quem devemos, como brasileiros, admiração e a lembrança permanente.
Aristóteles Drummond é jornalista