Quem vem lá, entre passos e asas, com cheiro de terra e brisa de voo?
Quem vem lá, musicando a fé em orquestras valentes dispostas a entoar o novo? O novo canto em um canto novo.Metamorfoses que exercem fascínios na biologia e nos encontros humanos.
O que eram as borboletas antes? O que éramos nós antes do hoje e do novo que se avista tão perto?
É ano novo. Quantos instantes farão nele sua morada? E os olhares que olharão para as mesmas ou outras paisagens?E as mãos que abrirão as mesmas portas ou outras?Quem decide?
Há portas que desconhecemos, mas que existem.Há portos preparados para embarcações que ainda hão de vir e para os atracados que, novamente, poderão aprender os fascínios da liberdade.
Ano novo, novo tempo de dizer o novo.Há águas, derramadas em cachoeiras, que lavam a alma e a boca, pronunciadora de palavras.E, também, os pés que podem pisar de novo no novo canto ou nos cantos já conhecidos.
Conhecer os cantos de dentro também é dizer o novo.Também dentro há caminhos e cachoeiras e há passos e há asas e há metamorfoses e liberdade.Dentro é onde o grande se prepara para ser, é onde a calmaria se converte em paixões bonitas.Há viagens que só se conquistam fora, quando os percursos de dentro são respeitados.
Quem vem lá, ainda com a roupagem do desconhecido ou a nudez da imagem sem maquiagem? Quem vem lá, brincando como criança ou apalpando o tempo com a sabedoria dos tempos acumulados?
Fosse eu o decididor da sintática do novo ano, decidiria pelos encontros que se fazem dentro e fora.Nos mundos que moram em nós e nas mãos dadas que dão ao mundo um significado poeticamente novo.Mãos dadas que, quando necessário, carregam os cansados, que se estendem aos que caem.Mãos dadas que desautorizam os murros e os urros.Os gritos violentam a paz tão aguardada no ano novo.
No novo ano, o tom certo é o que traz melodia, é o que conhece de harmonia, é o que afina a canção.
Quem vem lá, em um coro de vozes de tons e alcances diferentes e de uma beleza bondosamente semeadora?
Quem vem lá, na oração do encontro, encontrando razões e sentimentos para nunca deixar de estar?
É um coro, sim, O coro de vozes da esperança. Da esperança de que os sons nos convençam a vestir de bondade as nossas almas. E que as nossas almas vistam as nossas atitudes.E que as nossas atitudes acreditem no que vemos, mesmo quando não vemos.Mesmo nos terrenos desabitados de vida, há terra aguardando plantios. Há plantios aguardando florescimentos.
Ano novo. Dentro e fora. Alto lá! Fora o que destrata o dentro!
O trato é ser. É ser novo, novamente, no ano que vem.Que vem logo ali.