Erika NevesDivulgação
Historicamente, a primeira mulher alfabetizada do Brasil, foi a indígena Madalena Caramuru, filha do Português Diogo Alvarez Correa com a Moema Paraguaçu, indígena da tribo dos Tupinambás. Em 1534, Madalena casou-se com o português Afonso com quem aprendeu a decodificar os códigos linguísticos. Na cultura do povo Tupinambá não havia distinção em relação ao gênero, a mulher era companheira do homem, mas jamais considerada um ser inferior.
Por esta razão, após ter acesso a leitura de livros, a Madalena passou a questionar o porquê meninas e mulheres eram condenadas ao analfabetismo pelos homens brancos.
Destemidamente, escreveu uma carta para o Padre Manoel da Nobrega em 26 de março de 1561, solicitando a alfabetização para todos e, o fim dos maus tratos as crianças indígenas. O Padre concordou. A carta reivindicatória foi encaminhada para a Rainha D. Catarina, porém a corte suspeitou que tal projeto oferecia algum nível de perigo iminente.
Vetado. Imaginem, meninas e mulheres leitoras no Brasil Colônia!
Nesta análise histórica, há aspectos no comportamento feminino que devemos salientar, por exemplo, a curiosidade pelo saber, o que desperta o arquétipo intuitivo, pesquisador e desbravador da mulher. A aquisição da leitura e escrita é um salto quântico para a Psiquê, é a redescoberta de si e do outro; é a chave para a abertura de portas científicas, culturais, históricas e vindouras.
Vale destacar que, o primeiro documento escrito por uma mulher brasileira não continha pedidos de ordem pessoal, a carta reivindicava um benefício para o coletivo. Logo podemos reconhecer que, no seu ato desbravador, a mulher indígena, não apenas conquista o desenvolvimento de sua própria intelectualidade como deseja, generosamente, distribuir para o seu povo o bem adquirido. Intrepidez, ousadia, valentia, inteligência, sapiência, generosidade, responsabilidade, senso de coletividade, força agregadora são características facilmente encontradas nas mulheres e, tamponadas por um destaque exacerbado a beleza estética feminina.
A Importância Da Mulher Na Educação Brasileira começa por atitudes como a de Madalena Caramuru e perpassa por Analisa Franco, Antonieta de Barros, Cecilia Meireles, Nise da Silveira (...) adquirindo conquistas significativas tais como: igualdade racial e de gênero, inserção dos conteúdos científicos para as meninas, influencia na arte e literatura, humanização em tratamento psiquiátrico incluindo a arteterapia como intervenção terapêutica.
Atualmente, o CENSO escolar (2023) – aponta 2,4 milhões de docentes que atuantes na educação básica. Do total, 79,5% (1,9 milhão) mulheres. Além disso, o censo registrou mais de 144 mil profissionais em cargos de direção, sendo 81,6% (cerca de 117 mil) diretoras.
Nos primórdios, havia desqualificação, repressão e proibição. Hoje, constatamos o que a força motriz da vontade feminina pode avançar em termos intelectuais, científicos, políticos e sociais. Não há o que temer, há sim o que desejarmos: um Brasil mais Madalena Caramuru.
Fonte: https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar
Cararo, Aryane; Porto de Souza, Duda (2017). Extraordinárias: Mulheres que revolucionaram o Brasil. São Paulo: Seguinte. p. 208. ISBN 978-8555340611
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.