Petrópolis - Cerca de 11 mil meninas da rede municipal de ensino de Petrópolis serão beneficiadas com o projeto que está sendo desenvolvido pela prefeitura para combater a pobreza menstrual. As escolas irão distribuir, gratuitamente, os absorventes higiênicos. O projeto de lei, que instituiu o programa na cidade, foi aprovado pela Câmara Municipal na última quarta-feira (10) e agora vai para sanção do prefeito interino Hingo Hammes. O projeto é de autoria dos vereadores Yuri Moura e Maurinho Branco.
“Essa é uma iniciativa que vai beneficiar não apenas as nossas alunas, mas toda a comunidade escolar. Todos os profissionais da escola, a família e alunos vão formar uma rede de apoio e acolhimento a essas meninas que não tem condições de adquirir os absorventes. A ONU estima que uma em cada quatro brasileiras já faltou à escola por não ter condições financeiras de comprar absorventes íntimos. Isso é uma realidade que queremos mudar em Petrópolis”, disse Hammes.
Para o secretário de Educação José Luiz Lima, o programa dá voz às mulheres e meninas e vai além da distribuição do item higiênico. “Tem a ver com a escuta dentro da escola e na comunidade. Não vamos apenas distribuir os absorventes, mas também promover ações dentro das escolas para que as meninas sejam ouvidas. Esse programa é uma garantia dos direitos dessas meninas”, comentou o secretário. Além da distribuição dos absorventes higiênicos, o programa também irá realizar palestras e ações de orientação para as alunas, alunos e toda a comunidade escolar. O objetivo é desmistificar o período menstrual (considerado um tabu) e mostrar para as meninas que esse momento é natural e normal, e não pode ser motivo de vergonha.
“É uma felicidade estarmos implementando esse tipo de projeto e não podemos deixar de executar essas iniciativas educacionais. Essa ação em conjunto entre o Legislativo e o Executivo mostra que as autoridades estão preocupadas em criar condições adequadas para as meninas e alunas dentro das escolas”, ressaltou o vereador Yuri Moura.
Para o vereador Maurinho Branco esse assunto deve ser normalizado dentro das escolas e o projeto vai quebrar um tabu. “Foi uma vitória dentro da Câmara a aprovação desse projeto que torna real a execução de políticas públicas para as mulheres”, frisou o parlamentar.
Pesquisas também revelam que meninas e mulheres chegam a usar pedaços de pano usados, roupas velhas, jornal e até miolo de pão em substituição ao absorvente. Ainda existem casos daquelas que não conseguem realizar de três a seis trocas diárias de absorventes, conforme a indicação de ginecologistas, permanecendo com o mesmo absorvente por muitas horas. Como consequência desse insuficiente ou inadequado manejo da menstruação podem ocorrer diversos problemas à saúde como infecções, por exemplo, além do constrangimento e outras situações.
Esta semana estão sendo realizadas reuniões com as diretoras das escolas da rede sobre a implantação do programa. Cada escola irá receber um repasse para a compra dos absorventes e uma cartilha explicando os protocolos e regras que devem ser seguidos. A previsão é que os absorventes comecem a ser distribuídos para as alunas ainda dentro do mês de novembro.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.