Luciene NascimentoRedes Sociais

Luciene Nascimento tem 27 anos, é advogada, maquiadora e poeta. A moradora de Quatis, pequena cidade do sul do estado do Rio de Janeiro com menos de 15 mil habitantes, estreia como autora do livro “Tudo nela é de se amar- A pele que habito e outros poemas sobre a jornada da mulher negra”, da Editora Sextante, pelo selo Estação Brasil.
O título da obra é também o nome da sua mais famosa poesia que viralizou nas redes sociais com milhões de visualizações. Chamou tanta atenção que acabou parando nas páginas do livro "Na minha pele", do ator e diretor Lázaro Ramos. Foi numa live despretensiosa no instagram do ator que ela acabou chamando a atenção de Pascoal Soto, um dos mais importantes editores do país. Lázaro, por sinal, assina o prefácio e classificou o exemplar como "um dos melhores livros que já leu".
Durante live com o ator Lázaro Ramos, poeta acabou chamando atenção de editor - Redes Sociais
Durante live com o ator Lázaro Ramos, poeta acabou chamando atenção de editorRedes Sociais
Os vídeos de sua autodenominada “pedagopoesia” reúnem a explicação de conceitos complexos e a sensibilidade poética. "Eu as denominei assim quando notei que as poesias estavam cumprindo um papel muito natural de explicar os conceitos que eu havia entendido e descrito ali. Mas quando criei, eu não busquei um alvo específico, porque sinceramente escrevi para mim mesma", diz.
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Ela afirma que reconhece a facilidade de as pessoas parecidas com ela se reconhecerem nas palavras. "Para mim, esse reconhecimento é algo que me dá alegria, porque significa que não estou sozinha. Mas, gosto de pensar que 'quem tiver ouvidos, ouça'. Quem estiver aberto a aprender algo novo, que se sinta a vontade para viver a experiência por meio da leitura", completa.
Dividido em duas partes: 'De dentro' e 'Pra fora', o livro descreve as experiências de Luciene, que mesmo morando numa cidade do interior, aponta para problemas e situações que podem e são vividas por toda mulher brasileira. "Por mais diversos que sejamos, a estrutura da sociedade é formada por dois pólos opostos, que hora podem ser caracterizados como ricos e pobres, brancos e pretos, hegemônicos e oprimidos. A experiência do grupo conecta seus indivíduos. Muito daquilo que vivi, também foi experimentado por outras pessoas do mesmo grupo", enfatiza.
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Mulher negra, jovem, periférica. O livro traz uma abordagem do racismo no Brasil e, segundo a autora, é preciso conhecer o problema e sua escrita é uma forma de tentar colocar luz sobre os sintomas para começar uma mudança estrutural. "Gosto de citar o cientista social Carlos Moore sobre o tema: Precisamos de maturidade para entender que o problema é tão complexo, que sua solução portanto não pode ser linear. Não há um prazo para o fim do problema, como numa linha do tempo, porque ainda investigamos muito mal o seu início. A cabeça de cada ser humano que se beneficia de uma sociedade racista, machista, capitalista, no Brasil ou no mundo, vibra por sua continuidade, conscientemente ou não", reverbera.
Fazer refletir, pensar, questionar. Luciene Nascimento conta que demorou muito tempo para se reconhecer como poeta, já que não lia poesia. Mas destaca que sua escrita tem uma conexão profunda entre a palavra e os anseios da alma. "Pra mim isso é o maior sinal de que a poesia existe dentro da gente, e espero que minha maneira de sentir encontre, mesmo que escondidos, os anseios da alma daquele quem me lê", complementa.
Capa do livro com ilustração da artista Mariana Sguilla - Divulgação
Capa do livro com ilustração da artista Mariana SguillaDivulgação
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Com ilustrações da artista Mariana Sguilla, a capa traz Luciene Nascimento pintada à aquarela, sem rosto. Para ela, a pintura sintetiza que são infinitas as faces possíveis das donas dos sentimentos do livro. "O miolo também tem belíssimas ilustrações das personagens que trago nas poesias. Mulheres que vejo no ônibus, profissionais da faxina dos ambientes, avós, e andarilhos. Todos, inclusive eu, e elas, nossas mães e as mães delas, tocados por esse fio invisível que atravessa nossas experiências enquanto pessoas negras nesta sociedade", conclui.
O livro “Tudo nela é de se amar- A pele que habito e outros poemas sobre a jornada da mulher negra” será lançado no dia 15 de abril, mas já está disponível para pré-venda através dos links:
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