Fotomontagem: alguns dos alimentos orgânicos produzidos em GuapimirimSuenia Pereira

Por Izaias França
Guapimirim – Em um mundo cada vez mais industrializado e que o uso do agrotóxico é praticamente uma regra no agronegócio, é cada vez mais raro encontrar alimentos orgânicos e sem agrotóxicos, ou seja, saudáveis. Mas, em Guapimirim, município situado a 70 quilômetros da capital carioca, isso é possível.
O Dia traz mais uma reportagem da série sobre turismo e lugares para se conhecer em Guapimirim, e um deles é a feira orgânica e agroecológica que funciona aos sábados, das 7h30 às 13h, na Praça da Emancipação, no Centro. A feira existe desde novembro de 2014 e toda a produção é oriunda da agricultura familiar local. Entre os alimentos produzidos estão aipim, milho, banana, mamão, graviola, mel de abelha, verduras, entre outros itens. O pagamento pode ser feito por Pix.
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“Vendemos inhame, aipim, tapioca, palmito de pupunha, limão, café, batata doce. Tiramos nosso sustento 100% do sítio. Não temos outra renda. Tivemos até de parar nosso trabalho por causa da pandemia, para não colocar ninguém em risco. A pandemia impactou muito na vida de nós, brasileiros. Gostaríamos que a população consumisse mais nossos produtos e valorizasse a agricultura local. Pedimos também o apoio da Secretaria de Agricultura de Guapimirim na divulgação, porque entra governo e sai governo e nunca fizeram nada pela gente. Mas, parece que agora querem nos ajudar”, contaram ao O Dia os agricultores Suenia da Silva e o marido Antônio Cassiano, do Sítio Esperança.
A feira agroecológica é promovida por duas associações de produtores, do Fojo e do Sucavão, a partir de uma demanda dos agricultores guapimirienses, que antes tinham de comercializar os produtos em Teresópolis e no Rio, ou seja, em outros municípios. Os produtores foram assessorados pela associação AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, com recursos da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, na execução do projeto Alimentos Saudáveis nos Mercados Locais, explicou o cientista social Fabrício Walter, um dos coordenadores da feira, ao O Dia.
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Os produtores estão baseados principalmente nas comunidades do Fojo, Sucavão e Vale das Pedrinhas. Vários deles possuem certificações de conformidade orgânica em entidades do setor, entre elas da Formação de Organizações de Controle Social (OCS), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ademais, integram algumas associações de classe como a Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (Abio).
“Que as pessoas consumam mais produtos orgânicos e ecológicos e que não usem agrotóxicos nos alimentos. Convidamos as pessoas para conhecerem a nossa cultura e a dos nossos colegas de trabalho, para que vivam melhor, porque fazemos a diferença. Trabalhamos com o intuito de levar saúde para a mesa do consumidor”, reforçou a agricultura Suenia Pereira, do sítio Esperança.
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O casal contou à reportagem que sai para a roça às 5h30, que usa no plantio calcário, compostagem e esterco de galinha, apenas material orgânico, e que a cultura é diversificada, também com laranja e tangerina, por exemplo. Além disso, cria porcos e galinha para consumo próprio, mas que, ocasionalmente, alguém compra também esses itens.
Mais de 70% do território guapimiriense estão em áreas de proteção ambiental (APAs), o que favorece bastante a agricultura familiar orgânica, agroecológica e sustentável.
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Por conta da pandemia de coronavírus (Covid-19), foi preciso interromper as atividades de vivência com estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o plantio de mudas, cultivo e cursos de ervas medicinais, além da venda da produção na Associação Agroecológica da UFRJ, por exemplo.