Carnaval é adiado para abrilReprodução
Segundo Perlingeiro, a decisão sempre afeta o Carnaval. No entanto, estádios e bares continuam cheios. "Nós estamos preocupados com a pandemia, claro. Mas a questão é a hipocrisia. Não dá. É só com o Carnaval isso. Tem futebol, vai começar o campeonato carioca. Os estádios vão ficar lotados. Ninguém fala nada. As boates estão lotadas, os bares cheios e ninguém fala nada. Parece que nós do Carnaval que somos os patinhos feios dessa história", desabafa.
O presidente da Liesa ainda ressalta que as medidas de segurança seriam tomadas, se o Carnaval acontecesse no mês que vem. "O sambódromo é repartido: a frisa e a arquibancada são ao ar livre. Só iriam entrar pessoas com a vacinação em dia. Os componentes das escolas só poderiam pegar as fantasias se estivessem com a vacinação em dia. Nós nos preparamos para tudo. Enfim... Em abril iremos fazer um belíssimo desfile. Teremos mais 90 dias pela frente e estaremos preparados".
O carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira, fez duras críticas a respeito do embasamento da decisão. Ele questionou a liberação de outros eventos enquanto o Carnaval é adiado. "Se o desfile das escolas de samba fosse na praia, a aglomeração causada não seria vista como vetor de transmissão. Se os desfiles fossem num templo religioso, tampouco. Se fosse num estádio, estava liberado. O único lugar onde o vírus oferece perigo é na avenida. Até aqui, pensei que a questão era sanitária. Mas a ciência parece ter descoberto que a ômicron é folião e sambista: o nome disso é hipocrisia", afirmou.
Já a porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, Selminha Sorriso, contemporizou: "É um sentimento confuso. No entanto, nos resta entender o cenário sanitário atual. O carnaval tem responsabilidade social, nós queríamos muito que fosse no mês de fevereiro. Temos que entender e continuar a construção porque continua sendo nosso sonho realizar o maior Carnaval de todos os tempos. Samba também é saúde. Alegria é saúde. Cultura é saúde. Estamos todos atrelados em uma causa importante que é a vida. A gente compreende o cenário. O mais importante é a proteção da vida".
O adiamento do carnaval foi decidido após uma reunião na noite desta sexta-feira, por videoconferência, em que estiveram presentes o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, o secretário de Saúde carioca, Daniel Soranz, o secretário de Saúde paulistano, Edson Aparecido, além dos presidentes das Ligas de Escolas de Samba de ambas as cidades.
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