Por tiago.frederico

Rio - O prefeito Eduardo Paes foi ao conjunto habitacional Fazenda Botafogo, em Coelho Neto, Zona Norte do Rio, na manhã desta terça-feira, após uma explosão numa tubulação de gás causar a morte de cinco pessoas e deixar 14 outras feridas. Na chegada ao local, na Rua Omar Fontoura, Paes foi vaiado por moradores, que o chamaram de "irresponsável" e criticaram sua postura. "Depois que a tragédia acontece, você aparece", ouviu o prefeito de alguns moradores. Chefe do Executivo municipal, ele teve que ser escoltado por seguranças até uma tenda da Defesa Civil, onde se reuniu com os representantes das famílias atingidas. 

"Faz parte. Sou prefeito da cidade e não vou me esconder nunca. As pessoas estão indignadas e com toda razão. A principal autoridade aqui sou, não tem problema nenhum. Não é a primeira vaia que eu recebo e nem vai ser a última. Eu estou aqui para isso, esse é meu papel e essa é minha função", disse o prefeito sobre ter sido hostilizado.

Eduardo Paes se reuniu com representantes das famílias atingidas pela explosão em Coelho NetoBruna Fantti / Agência O DIA

Eduardo Paes afirmou que a Prefeitura vai se responsabilizar pelas obras no prédio onde houve a explosão. Elas serão realizadas pela Riourbe e por empresas contratadas para obras de emergência. Ainda segundo o prefeito, todas as famílias receberão uma ajuda mensal de R$ 1 mil enquanto durarem as obras. Todo esse gasto será cobrado da CEG, caso seja constatado que ela é responsável pela explosão. Ainda nesta manhã, técnicos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) fizeram uma perícia para constatar se a explosão foi realmente em uma tubulação da empresa de gás.

"Isso é uma responsabilidade da companhia de gás. A gente cobra e exige mas não sou poder concedente e nem agência reguladora, fazemos o possível. Ouvi muitos relatos e isso causa indignação, tem vidas perdidas e tem que ter vergonha na cara quando tem pessoas morrendo pela ineficiência de uma concessionária de gás que simplesmente nao aparece e quando aparece não diz ao que veio", afirmou Paes. 

O prédio tem cinco andares e é composto por oito apartamentos em cada andar. As unidades mais atingidos estão localizadas no primeiro andar, no entanto, foram constatados dandos nos demais apartamentos. Também foram constatados danos em prédios vizinhos, que tiveram telhas e janelas quebradas. Apenas o prédio onde ocorreu a explosão foi interditado, de acordo com Marco Motta, subsecretário de Defesa Civil do município.

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Em nota, a CEG disse que se solidariza com os moradores. Equipes da companhia foram deslocadas ao local e interromperam, por medidas de segurança, o fornecimento de gás. "Qualquer informação, por hora, é prematura", afirmou a CEG em comunicado.

O Corpo de Bombeiros identificou as vítimas da explosão. O casal Rosane Oliveira, de 55 anos, e Francisco Oliveira, de 55 anos, e uma menina de 13 anos morrerram no local. Outras duas pessoas morreram a caminho de hospitais. José S., 85 anos, seguia para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, mas não resistiu aos ferimentos. O mesmo ocorreu com uma mulher adulta ainda não identificada, que era socorrida ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.

Os bombeiros encaminharam Fernando C., 56 anos, José J. Santos, 69 anos, e Ednei S. Silva, 41 anos, para o Hospital Carlos Chagas. Luiz P. Silva, 72 anos, e Alzemira C. Silva, 58 anos, foram levados para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo. E Paulo R. Pereira, 35 anos, e Jociara S. Nicácio, 33 anos, foram encaminhadas para o Hospital Estadual Getúlio Vargas. Outras duas vítimas atendidas, identificadas como Renata C. Lima, 34 anos, e Lenira M. Costa, 79 anos, foram liberadas pelos militares no local. Prestaram socorro às vítimas militares dos quartéis de Irajá, Ricardo de Albuquerque, Campinho e Parada de Lucas.

Procon-RJ abre investigação para CEG explicar explosão em prédio

O Procon Estadual abriu uma investigação para apurar a responsabilidade da CEG na explosão. De acordo com a Defesa Civil, o acidente pode ter sido provocado pelo vazamento de uma tubulação da CEG. A autarquia também pediu para que o Corpo de Bombeiros forneça informações técnicas sobre o ocorrido.

"O Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece que o fornecedor do serviço responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por problemas relativos à prestação do serviço", afirmou o Procon-RJ, ressaltando que "é considerado defeituoso o serviço que não fornece, entre outros itens, a segurança que o consumidor pode esperar dele".

Ainda de acordo com o órgão, a CEG deverá apresentar sua defesa em 15 dias úteis, contados a partir do recebimento da notificação. "Caso o prazo não seja cumprido ou os argumentos não sejam aceitos pelo Setor Jurídico do Procon Estadual, a concessionária será autuada", acrescentou o órgão, em comunicado.

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