Por adriano.araujo

Rio - O empresário Miguel Ângelo Santos Jacob, de 57 anos, foi morto com pelo menos dez tiros na cabeça e no rosto quando levava um dos filhos, de 8 anos, para a escola, dentro de um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. A mulher de Miguel, Joana D’arc Batista, 40, foi ferida na perna com dois tiros. Do banco de trás, o caçula, de 5 anos, assistiu toda a cena. Miguel havia sido condenado a quase 12 anos de prisão por falsificação de remédios e respondia em liberdade.

A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios (DH) no caso é execução. Os policiais seguem este raciocínio porque a vítima já teria sofrido dois atentados. A DH ouviu quatro testemunhas, sendo uma delas cunhado do empresário. “A partir dos depoimentos começamos a traçar o perfil dele e o histórico de crimes. Podemos dizer que foi um crime ousado (cometido por volta das 12h no condomínio Novo Leblon, a 50 metros do Colégio Santo Agostinho). Pela apuração, o criminoso chegou atirando”, afirmou o delegado Fábio Cardoso.

Miguel Ângelo foi executado enquanto esperava o filho na porta de colégio na BarraLeitor

Internada no Hospital Lourenço Jorge, também na Barra, Joana prestou depoimento e deverá ser novamente ouvida assim que tiver alta. O crime aconteceu depois que a babá de um dos filhos de Miguel deixou o carro para levar o menino de 8 anos para a escola. Neste momento, o criminoso se aproximou do veículo, um Chrysler 300c, prata, ano 2007, e efetuou os disparos. Os policiais que estiveram no local do crime, na Rua Guimarães Rosa, encontraram quatro projéteis e 14 cápsulas de pistola 9 milímetros.

Miguel era dono de uma empresa que, segundo a polícia, falsificava o remédio Glivec, usado no tratamento de leucemia. A quadrilha vendia a caixa do medicamento por R$ 10 mil. O remédio não possuía o princípio ativo do original e podia pôr pacientes em risco. O processo correu no Rio porque os medicamentos saíam da distribuidora Nova Vitória, que fica no estado. Condenado com a maior pena, Miguel Ângelo era o dono da empresa. De São Paulo, Dahir Fernandes Filho vendia o remédio para ele.

‘Miguel era reservado’, diz parente

Dois primos do empresário estavam na porta da Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, na tarde de ontem, esperando informações sobre o caso. Um deles, que não quis se identificar, disse que o corpo deverá ser liberado ainda hoje do IML. Segundo ele, Miguel era reservado e pouco falava com a família, além de não dar o telefone para ninguém.

“Estava num congresso espírita e recebi um telefonema da Tina (Cristina), irmã do Miguel, avisando que ele tinha sido morto. Talvez o corpo seja liberado amanhã (hoje) do IML”. O parente disse desconhecer o envolvimento dele com falsificação de remédios. “Soube pela imprensa sobre essas coisas (medicamentos falsos), mas nunca perguntei. Ele era bem reservado, nem telefonava para ele porque não tinha o número”, contou.

Um homem identificado apenas pelo nome de David, cunhado de Miguel, também prestou depoimento. Um dos sócios do empresário esteve na DH, mas até o fim da noite de ontem não havia prestado depoimento. Os policiais também ouviram testemunhas no local do crime. Imagens de câmeras de segurança foram recolhidas do condomínio e serão usadas para identificar o criminoso.

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