Rio - Um artista plástico de Volta Redonda, no Sul Fluminense, está entre o seletíssimo grupo que teve trabalhos escolhidos pela Nasa, num concurso internacional, para viajar numa cápsula do tempo até o asteróide Bennu. Descoberto em 1999, com cerca de 560 metros de diâmetro, o corpo celeste ainda desconhecido e gelado, segundo estudos, tem possibilidade de se chocar e destruir a Terra no ano de 2182.
William Monachesi, de 57 anos, montou um quadro digital que, com outras 49 obras, incluindo fotos, desenhos e filmes alçará voo no final do ano, num chip, a bordo da nave robô Osiris-Rex, com destino ao miniplaneta. O material foi garimpado por dois anos entre milhões de pessoas no mundo inteiro.
As 50 imagens, com mais 50 mensagens escritas, também escolhidas pela agência espacial, serão deixadas na superfície de Bennu. “É uma emoção indescritível. Estou muito orgulhoso. Não há premiações em dinheiro, mas só o fato de ter sido selecionado entre concorrentes do mundo inteiro, com um trabalho que deverá, talvez, ficar orbitando o Sol para sempre, já é uma honra”, diz Monachesi.
Ele diz que ter produzido o quadro, batizado de The Arrival (A Chegada), em poucas horas. “Retrato uma nave espacial alienígena chegando para pesquisar um planeta que ainda é um mistério”, detalha.
De acordo com cientistas, a sonda Osires-Rex será lançada em dezembro, mas só chegará a Bennu em 2018, devendo retornar à Terra somente em 2023, trazendo amostras de rochas para serem estudadas. Naquele ano, a Nasa, então, vai divulgar cópias de todos os trabalhos deixados no asteróide.
Esta é a segunda vez que a arte de William Monachesi, que se diz apaixonado por astronomia desde criança, é selecionada em concurso mundial da Nasa. No início da década, em seletiva parecida, outro quadro digital, intitulado ‘Voyager à la vitesse de la lumiere’, integrou o Fluxface in Space, um projeto que colocou obras de arte no arquivo do computador do ônibus espacial Endeavour. A nave tripulada visitou a Estação Espacial Internacional em maio de 2011, durante sua última missão no espaço.
Ao contrário de Bennu, o chip do ônibus espacial voltou e está arquivado na mesma nave no museu Califórnia Science Center, em Los Angeles (EUA). Arquiteto, William Monachesi conta que pinta desde os 11 anos de idade. Também faz esculturas e desenhos, “predominantemente figurativos, com alguns abstratos.”
Desvio de órbita evitará catástrofe
Oficialmente classificado como 101955 e tido como um asteróide potencialmente perigoso para a humanidade, Bennu foi descoberto por astrônomos em 11 de setembro de 1999. O nome foi dado em homenagem a um garoto. Previsões indicam que, embora remota, há possibilidade de que ele realmente se choque com a Terra, pois no dia 24 de setembro de 2182, deverá passar muito perto do Planeta Azul. Cálculos indicam que a possibilidade, porém, é de uma em mil.
Cientistas já sabem que Bennu é um asteróide rochoso, do tipo condrito carbonado. Mas sua constituição tem que ser melhor estudada para um possível desvio de órbita que pode evitar uma catástrofe. Daí o interesse da Nasa em colher amostras de sua superfície para análises, que poderão indicar ainda o que aconteceu antes da formação e evolução do Sistema Solar. A sonda Osiris-Rex custou US$ 800 milhões (R$ 2,8 bilhões) e foi construída pela empresa Lockheed-Martin.