Rio - O diretor do Departamento de Polícia Especializada, delegado Ronaldo Oliveira, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira que a falta de aeronave para atuar na ação no Complexo da Maré impediu a captura do traficante Fat Family, resgatado por comparsas no Hospital Municipal Souza Aguiar no último domingo. A operação terminou com três mortos, dois feridos e sete suspeitos presos.
"A gente já sabia a casa (onde Fat Family estava escondido), então o helicóptero ia parar em cima dela e ia dar tempo de nós chegarmos e ele não ia conseguir fugir", disse Oliveira. O delegado ainda foi enfático ao afirmar que a falta da aeronave foi a causa de um dos policiais envolvidos na operação acabar alvejado por um criminoso.
"O policial foi atingido por um traficante que atirou de uma laje. Isto não teria acontecido se estivéssemos trabalhando com apoio aéreo. A situação é crítica devido à falta de recursos. Os caveirões estão em estado precário e não contamos mais com helicópteros, o que para uma operação como esta, prejudica muito a ação", criticou Oliveira. As três aeronaves da Polícia Civil estão paradas por falta de recursos para manutenção.
Em outro episódio, Oliveira lembrou que policiais ficaram presos dentro de um caveirão que ficou enguiçado na Favela da Maré sob o olhar ameaçador de bandidos. Os agentes só conseguiram deixar o local depois que um outro blindado chegou ao local. Um veículo foi amarrado ao outro com um cabo de aço e a saída da Maré viabilizada.
O delegado disse ainda que vai rever a estratégia para novas ações para preservar a vida dos policiais envolvidos no combate ao crime organizado. "Só vamos agir quando nós tivermos condição. Nós estamos agindo mais pela emoção que pela razão. Mas eu necessito de condições tanto terrestres quanto aéreas", ponderou.
Vídeo mostra casa onde Fat Family estava escondido e em tratamento
Um vídeo mostra a casa onde o traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, ficou escondido após a fuga do Hospital Souza Aguiar, no domingo. A residência fica na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, na Zona Norte, e foi descoberta pela Delegacia de Combate as Drogas (DCOD), em operação na manhã desta sexta-feira. No local, material de primeiros socorros e medicamentos usados pelo criminoso foram encontrados. Ele, no entanto, já havia deixado o local.
Agentes de várias delegacias especializadas se deslocaram até o conjunto de favelas e iniciaram a operação no início da manhã. Assim que chegaram, os policiais foram recebidos a tiros por criminosos armados e houve confronto. Fat Family foi retirado do local e levado para outro esconderijo.
Durante a troca de tiros, três pessoas suspeitas de ter ligação com o tráfico de drogas morreram baleadas. Outras cinco foram presas, entre elas um traficante conhecido como James. Ele é apontado como chefe do tráfico da favela do Mandela, em Manguinhos.
A operação de hoje é comandada pelo delegado Felipe Cury, da Delegacia de Combate as Drogas (DCOD), e conta com a participação de agentes desta especializada e também das delegacias de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) e da (Coordenadoria de Operações Especiais).
PM segue com operações para achar Fat Family
A Polícia Militar também faz operações em diversos pontos da Baixada Fluminense e Região Metropolitana para localizar Fat Family e seus comparsas. Nesta sexta-feira, quinto dia consecutivo de ações, participam 27 batalhões de todo estado.
Segundo a Secretaria de Estado de Segurança, no Morro do Urubu, entre os bairros de Pilares e Tomás Coelho, policiais prenderam sete suspeitos e apreenderam um fuzil AR-15, uma pistola 9mm e um rádio transmissor. Um homem foi morto. Já na Zona Oeste, nas comunidades Vila Aliança e Coreia, em Bangu, quatro homens foram presos e uma pistola Ruger 9mm e dois rádios transmissores foram apreendidos. Além disso, um veículo roubado foi recuperado.