Por clarissa.sardenberg

Rio - O corpo do cadeirante morto por uma bala perdida na comunidade Vila Aliança, em Senador Camará, é velado nesta terça-feira em Moça Bonita, na Zona Oeste. Vanderson Lessa foi baleado no ombro e chegou a ser encaminhado ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, mas não resistiu. "Meu filho foi vítima duas vezes. Na primeira vez que levou o tiro e ficou paraplégico e agora que levou o tiro e morreu", falou a mãe da vítima, Selma Regina de Jesus Lessa da Silva, de 59 anos.

Familiares de Vanderson Lessa no velório do cadeirante nesta terça-feira%2C em Moça Bonita Estefan Radovicz / Agência O Dia

O enterro de Vanderson será cemitério de Campo Grande às 16h desta terça-feira. Três ônibus de parentes e amigos já se concentram com camisas e faixas em homenagem à vítima. "Ele será sempre ele e continuará sendo, nós aqui no mundo das criaturas e ele no mundo do criador...vamos pronunciar o nome dele como sempre foi dito, sem nenhum traço de tristeza, ele não está fora dos nossos pensamentos mas sim só das nossas vistas, ele não está longe e sim do outro lado do caminho...", diz a frase estampada em 150 camisas que mostram uma foto de Vanderson fazendo um sinal de paz.

Vanderson estava desempregado há dois meses, demitido da Light. "Meu filho ia dar entrada no seguro desemprego e nem isso ele conseguiu", afirmou Selma Regina. Antes disso, ele havia trabalhado no Metrô Rio, mas a carga horária para deficientes era muito alta, segundo a mãe.

Cadeirante foi morto por bala perdida em Vila Aliança%2C em Senador Camará%2C na Zona OesteReprodução Facebook

Antes do episódio que tirou sua vida na noite desta terça-feira, Vanderson foi baleado há cinco anos e perdeu o movimento das pernas. Segundo a mãe, ele se preparava para fazer uma prova da Petrobras e foi vítima de um assalto. Após entregar tudo a um criminoso, ele perguntou se poderia ficar com um cordão de ouro, ouviu um "sim" e foi baleado pelas costas.

A tia do rapaz contou que após ser baleado pela primeira vez, Vanderson entrou em tristeza profunda e só conseguiu superar o fato com ajuda de amigos. "Ele teve muita depressão, no início. Como era muito querido superou todos os problemas", afirmou Ronersilvia rosa, 50 anos. "Para dar banho nele era uma luta. Precisávamos de duas pessoas", comentou ela. "Estamos de luto pela vida de um bom menino. Queremos paz, queremos que tudo isso passe", afirmou.

Comentando a ação policial na noite desta terça-feira, o primo do cadeirante lamentou. "Eu não entendo como é que a polícia entra em um baile funk de caveirão à 2h atirando. Isso (a morte) ia acabar acontecendo com alguém. Nós fomos criados juntos desde crianças. Ele era muito gente boa e um rapaz trabalhador. Tinha muito mais disposição para trabalhar do que pessoas que não estavam em cadeiras de rodas. Saíamos muito para beber uma cervejinha."

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