Por O Dia

Rio - A primeira pessoa a perceber que o coronel da PM Pedro Chavarry, de 63 anos, estaria abusando de uma menina de dois anos no sábado disse que vai pedir a inclusão do seu nome no Programa Estadual de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Provita). “Ele (Chavarry) acabou com a minha vida. Perguntou pelo meu nome, pelo meu endereço. Parei de trabalhar, mudei da Uga Uga (comunidade de Ramos)”, contou ela, que prestou depoimento ontem na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav).

A mulher, que pediu para não ser identificada, confirmou que o coronel já esteve outras vezes com uma criança nua dentro do carro, no estacionamento da lanchonete onde trabalhava. “Desconfiava, pois já tinha visto ele outras quatro vezes com um bebê, menino, pelado. Ele ficava horas no estacionamento e não abaixava o vidro. No sábado, quando fui entregar o lanche, ele abriu a porta e vi a menina virada para ele com as pernas abertas e a calcinha mexida para o lado”, relatou.

Na delegacia, a atendente ainda falou que, como não poderia chamar a polícia sem autorização dos superiores, pediu a uma cliente que fizesse a denúncia. OsPMs que efetuaram a prisão do coronel irão depor hoje.

A testemunha contou ainda que ao chegar na delegacia na noite de sábado reconheceu suas vizinhas. Elas, então, contaram que o preso era o coronel que fazia doações na Uga Uga. “Já recebi fraldas dele duas vezes quando meu filho tinha 1 ano. Não o reconheci, pois nunca o vi na comunidade”, disse.

A Secretaria Estadual de Direitos Humanos informou que ainda não recebeu o pedido de inclusão da testemunha no Provita.

O advogado de Chavarry, David Elmôr, afirma que seu cliente é inocente e que vai pedir sua liberdade provisória na próxima semana.

PM apura conduta de oficial

A Polícia Militar iniciou um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do coronel. A partir do resultado será votada a sua exclusão da corporação pelo secretário de Segurança. Por se tratar de um oficial, no entanto, ele só poderá perder a patente após a ratificação do parecer do secretário por desembargadores. Enquanto isso, na Justiça comum correrá o processo por crime de estupro de vulnerável.

A mulher que entregou a menina de dois anos ao coronel foi transferida ontem para o Complexo Penitenciário de Gericinó, onde vai cumprir a prisão temporária de 30 dias em uma cela isolada. Já o advogado David Elmôr, que representa o coronel, explicou como vai pedir a liberdade do militar. “Vou pedir com medidas restritivas de horário, comparecimento em juízo e tornozeleira eletrônica”, explicou.

Elmôr disse ainda não saber do pedido da entrega do celular do oficial pela polícia e afirmou que há um julgamento precipitado do seu cliente. “O coronel Chavarry tem ações sociais em várias comunidades carentes com crianças no Rio. Não é um fato isolado ele estar com uma criança”. Ele não citou o nome da suposta ONG que o coronel afirmava administrar.

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