Por gabriela.mattos
Rio - Emergência superlotada, 40 mulheres com câncer de mama esperando a cirurgia e enfermarias com falta de medicamentos. Os pacientes do Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, precisam conviver com a falta de infraestrutura e precariedade da unidade para serem atendidos. Após uma vistoria realizada no dia 19 de outubro, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) encontrou uma série de irregularidades nas dependências do setor de oncologia.
Na noite desta quinta-feira, a Defensoria Pública da União divulgou um relatório do Cremerj que enumera os problemas do hospital. De acordo com o órgão, não há enfermaria específica para a internação de pacientes com câncer e nem para aqueles em estágio terminal. O conselho detectou ainda que há restrição de leitos. "Sendo bastante comum manter o paciente oncológico internado na emergência por sete a 10 dias até a liberação de vagas na enfermaria do hospital", explicou.
Publicidade
O Cremerj informou que, no dia da vistoria, 52 pacientes estavam internados na emergência, sendo ao menos 15 oncológicos. Segundo o documento, o número de médicos está reduzido neste setor, principalmente na área de cirurgias de mastectomia. Atualmente, há quatro especialistas, sendo que uma está de licença maternidade e não foi substituída.
Segundo o órgão, atualmente há 40 pacientes com câncer de mama aguardando na fila para serem operadas, além de oito com câncer de ovário. Os procedimentos são suspensos diversas vezes por falta de médicos anestesias ou materiais, como tela para reconstrução mamária.
Publicidade
Na fiscalização, os agentes perceberam que o aparelho de tomografia estava inoperante há pelo menos uma semana e que não havia um equipamento de ressonância magnética. Além disso, havia a falta de certos medicamentos na unidade. A Defensoria Pública determinou que os problemas sejam regularizados em até 30 dias. Caso contrário, o órgão afirmou que vai ajuizar uma nova ação civil pública.
Condenada pelo mesmo problema
Publicidade
Depois de uma ação iniciada em 2012, a União já havia sido condenada em fevereiro deste ano por causa das emergências cheias. No entanto, na fiscalização do mês passado, os agentes perceberam que o problema continuava.
Como a medida não foi cumprida em um prazo de 30 dias, naquela época foi estabelecido que o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio; o subsecretário de Atenção à Saúde da Secretaria Estadual de Saúde; o subsecretário de Atenção Hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde; superintendente de Regulação do Estado do Rio de Janeiro; superintendente de Regulação Controle e Auditoria SMS e Defesa Civil do Rio; e o diretor do Hospital Federal de Bonsucesso pagassem, individualmente, uma multa de R$ 800 por dia em que a decisão fosse descumprida.
Publicidade
Procurado pelo DIA, o Hospital Federal de Bonsucesso alegou através de comunicado que "o crescente número de pacientes com câncer que chegam ao HFB tem obrigado o hospital a gastar metade de seu orçamento para medicamentos somente em oncológicos e a situação já foi devidamente informada ao município do Rio de Janeiro, que é o gestor pleno da saúde pública". 
Quanto ao fato do hospital não ter uma enfermaria específica para pacientes oncológicos, a assessoria do HBF diz que "a internação dos pacientes com câncer é realizada em enfermarias específicas da especialidade clínica de cada caso, sem que isso interfira na qualidade do atendimento prestado. Por exemplo, o paciente com câncer de próstata é internado na enfermaria de urologia, enquanto o paciente com câncer de mama na enfermaria de ginecologia." 
Publicidade
Confira a nota na íntegra: 
O Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) é uma unidade com emergência aberta à população, que realizou apenas de janeiro a setembro deste ano 13.454 atendimentos de emergência e 8.674 cirurgias. Tanto em emergências quanto em cirurgias, foram 14% a mais do que no mesmo período do ano passado. Somente de câncer, foram 8.385 atendimentos, sejam consultas ou sessões de quimioterapia, crescimento de 16%.
Publicidade
Pela localização, com acesso pela Avenida Brasil, a população da Zona Norte do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense tem recorrido de forma mais intensa ao hospital, quando não encontra atendimento em outros serviços.
O crescente número de pacientes com câncer que chegam ao HFB tem obrigado o hospital a gastar metade de seu orçamento para medicamentos somente em oncológicos e a situação já foi devidamente informada ao município do Rio de Janeiro, que é o gestor pleno da saúde pública.
Publicidade
Cabe ressaltar que a internação dos pacientes com câncer é realizada em enfermarias específicas da especialidade clínica de cada caso, sem que isso interfira na qualidade do atendimento prestado. Por exemplo, o paciente com câncer de próstata é internado na enfermaria de urologia, enquanto o paciente com câncer de mama na enfermaria de ginecologia.
A produção cirúrgica do Hospital Federal de Bonsucesso atende  todos os pacientes oncológicos que necessitam de intervenção médica imediata. A unidade conta com 881 médicos distribuídos em 29 especialidades e dispõe de 331 leitos de internação.