Por gabriela.mattos
Rio - Após o prefeito Eduardo Paes chegar a anunciar, na sexta-feira, pela manhã, que as passagens de ônibus subiriam a R$ 3,95, em 1º de janeiro, a prefeitura voltou atrás e decidiu deixar a decisão para nova gestão que assume neste 1º de janeiro. A equipe de Marcelo Crivella, no entanto, já informou que vai manter a tarifa nos atuais R$ 3,80.
O preço das passagens dos ônibus municipais não mais será reajustado em 1º de janeiro%2C para R%24 3%2C95%2C como Eduardo Paes chegou a anunciarMaira Coelho

A mudança de planos coube à Secretaria Municipal de Transportes, através de comunicado oficial na tarde de sexta-feira. Segundo a nota, a decisão foi tomada em respeito às opiniões do vice-prefeito eleito Fernando Mac Dowell, que será também o próximo secretário municipal de Transportes, que se colocou contra o reajuste anual, “uma obrigação estabelecida no contrato de concessão”.

“A Secretaria Municipal de Transportes decidiu não publicar a resolução de mudança do valor. De acordo com a fórmula paramétrica, a tarifa do Bilhete Único Carioca passaria a ser de R$ 3,95, com um reajuste de 3,59%, valor bem abaixo da inflação de 6,58% acumulada nos últimos 12 meses pelo IPCA-E (índice de inflação do IBGE). Apesar de defender o cumprimento do contrato, o prefeito Eduardo Paes entende que no momento é necessário respeitar a decisão do prefeito eleito Marcelo Crivella e sua equipe”, informou a nota.
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O vice-prefeito eleito, Fernando MacDowell, confirmou que a próxima gestão não pretende reajustar as passagens, mantendo a tarifa nos atuais R$ 3,80. “Achar que aumentar a tarifa significa melhorar a receita é um pensamento equivocado. Ocorre justamente o contrário por ampliar os problemas sociais”, disse Mac Dowell.
O estudante universitário Raphael Godoi, que em 2013, ainda secundarista, foi um dos líderes dos protestos contra o aumento das passagens que acabaram por levar milhões de pessoas às ruas do Rio, criticou a gestão de Eduardo Paes, e elogiou o novo vice-prefeito.
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“Ia aumentar de novo sem ter os 100% dos ônibus com ar condicionado? Isso mostra bem como se dava a política de transportes no atual governo. Apesar de toda a discordância e desconfiança que tenho na próxima gestão, é preciso elogiar. Mas com uma questão: os atuais R$ 3,80 não são uma forma de exclusão?”, questionou Raphael Godoi.
O estudante lamentou o que considera uma inversão de prioridades dos gestores públicos no Rio de Janeiro. “Infelizmente, os transportes públicos, as políticas públicas não são feitas pensando no usuário, na população, mas nos lucros das empresas. Esta é uma questão fundamental que precisa ser discutida cada vez mais pela população”,
Vice-prefeito eleito Fernando MacDowell barrou o aumento da tarifaReprodução Internet

Rio Ônibus vai à Justiça por aumento

O Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus) divulgou nota oficial criticando a suspensão do reajuste da tarifa para 2017.

O Rio Ônibus lamenta que a primeira decisão da futura administração da área de Transportes não tenha respeitado o contrato de concessão assinado em 2010. O reajuste representa a recomposição de custos e obrigações assumidas ao longo do ano, como combustível, mão de obra, entre outras”, disse a nota.

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O Rio Ônibus disse ainda que a futura gestão desconhece a realidade do setor diante da crise econômica.
“Desde abril de 2015, seis empresas encerraram as suas atividades e outras 12 enfrentam atualmente dificuldades semelhantes”, disse o sindicato, na mesma nota. A intenção do Rio Ônibus é recorrer à Justiça para fazer valer o contrato de concessão.
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O governo do estado autorizou o reajuste dos trens para R$ 4,20, com alta de 13,5%, e das barcas, para R$ 5,90 (alta de 4,3%), a partir de fevereiro. O reajuste do metrô está previsto para maio.completou Godoi.