Rio - Porta-voz da Polícia Militar, o major Ivan Blaz contou que não havia operações em Acari, na Zona Norte do Rio, no momento em que uma adolescente foi atingida por uma bala perdida. Maria Eduarda Alves da Conceição, 13 anos, foi morta dentro da Escola Daniel Piza enquanto fazia uma aula de Educação Física, nesta quinta-feira.
Em entrevista ao programa Bom Dia Rio, da TV Globo, nesta sexta-feira, Blaz disse que a polícia havia sido chamada pelo 190 para coibir a ação de traficantes na região. “A morte de um inocente é um dano colateral dos mais absurdos. O policial lida com o medo de errar, o medo de perder a própria vida e a situação fica mais tensa, mais perigosa. Aquela região é ocupada por diferentes quadrilhas, e os conflitos viraram ato comum. A sociedade sofre”, lamentou o porta-voz.
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Ele afirmou ainda que o confronto no local foi "inevitável". Em relação aos dois PMs que foram flagrados atirando em dois homens caídos no chão, Blaz destacou que os "protocolos precisam ser revistos" para evitar que ocorram novos casos como este. O porta-voz da corporação reforçou que o 41º BPM (Irajá), batalhão onde os dois militares são lotados, lida com a região mais violenta do Rio.
“As alegações desses policiais são de que foram encontradas com esses homens mais duas armas, pistolas. [Os PMs do 41º BPM] vivem uma realidade de guerra, em que bandidos têm armas de guerra. Vivemos uma guerra assimétrica. Nesse caso só eles podem responder o que aconteceu. Cabe a esses policiais ter uma chave seletora na mente deles para que sejam, ora garantidor dos direitos da sociedade, ora um guerreiro. Que ser humano consegue fazer isso? É preciso rever protocolos e coibir abusos. O que estamos vivendo hoje é um momento complexo e muito grave”, enfatizou.
Más condições de trabalho para os PMs
Na entrevista, Blaz também contou que é difícil manter o ânimo dos policiais quando eles estão sem receber o 13º salário e as gratificações. “Estamos vivendo uma situação caótica, uma realidade violenta que deixa a tropa embrutecida. Em que cada dia mais é preciso pensar em colocar em risco a sua liberdade ou a sua vida. Isso afeta muito a execução do serviço. Hoje a tropa vive uma realidade extremamente contundente para a realização de sua missão”, explicou.