Rio - Em 1985, o italiano Milo Manara imaginara um controle remoto que, com um botão, poderia fazer uma mulher chegar ao orgasmo na história em quadrinhos ‘Click!’. Hoje, a tecnologia fez até os mais distantes sonhos eróticos se tornarem possíveis. Na feira Sexy Fair, que começa hoje no Centro de Convenções SulAmérica, no Centro, o público pode conhecer mais de mil modelos diferentes de vibradores, inclusive um com wi-fi, que pode ser acessado pelo parceiro, à distância. O objetivo é auxiliar o sexo virtual — o modelo conta até com câmera e chega a custar R$ 2 mil.
Outro modelo usa um sistema de ar para estímulo clitoriano e promete fazer a mulher chegar ao orgasmo em 40 segundos. Para Paula Aguiar, presidente da Associação Brasileira do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), vale tudo para apimentar a relação do casal. Das 40 mil pessoas que devem passar pelo evento até domingo, a maioria será de mulheres comprando apetrechos para usar a dois. Segundo a Abeme, 68% do público consumidor são feminino, e 90% dos produtos são para casais.
“Tem vibradores com mais de dez velocidades, que aquecem, que pulsam. Eles ajudam os casais a conversarem sobre seus desejos, para que a relação seja mais prazerosa. A maioria dos consumidores são casais estáveis”, garante Paula. O produto mais vendido no Brasil é um vibrador de apenas R$ 20: um anel que é colocado no pênis e transforma o órgão em um vibrador. Existem ainda os vibradores líquidos, géis e óleos que causam sensações de formigamento e pulsação. Um deles é um gel que, aplicado no clitóris, faz com que o órgão dilate e a mulher fique mais disposta a fazer sexo com seu parceiro. “O Brasil é o único do mundo que fez uma linha para o público gospel”, diz Paula.
A feira, em sua primeira edição no Rio, tem como embaixadores Nizo Neto e Tatiana Presser, casados há 15 anos e donos da linha de géis ‘Vem Transar’. Ela conta que, na primeira noite com o futuro marido, já apresentou um vibrador para ele. “Tem vários sex toys que são bem interessantes e que auxiliam o casal a trazer diversão para o sexo”.
Dificuldades para atingir o orgasmo
Pesquisa recente da USP apontou que 55,6% das mulheres têm dificuldade para chegar ao orgasmo. Entre as causas apontadas, 67% responderam que não conseguem se excitar e 59,7% sentem dor na relação. “Os tabus que ainda existem em muitos relacionamentos na hora de falar sobre sexo com dor levam as mulheres a não investigar os sintomas e a buscar tratamento”, diz Cátia Damasceno, especialista em Uroginecologia do programa ‘Mulheres Bem Resolvidas’.
A Sexy Fair também traz palestras e debates sobre inclusão de portadores de necessidades especiais, questões GLBTT e sexo virtual. O objetivo, segundo os organizadores, é incentivar a conversa e a busca do prazer entre as mulheres, de modo divertido. Uma das atividades mais inusitadas é um touro mecânico no formato de pênis. A feira acontece das 16 à 0h, seguida de boate até 3h30.
Reportagem da estagiária Alessandra Monnerat, com supervisão de Rosayne Macedo