Por adriano.araujo

Rio - Uma operação da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de Estado de Segurança e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Rio, busca cumprir 22 mandados de prisão preventiva para desarticular uma quadrilha que explora o transporte de vans na Ilha do Governador e detém ligações com o tráfico de drogas no Morro do Dendê. Entre os procurados está o traficante Fernando Gomes Freitas, vulgo Fernandinho Guarabu, chefe do tráfico no Dendê, e o ex-policial Antonio Eugênio de Souza Freitas, vulgo Batoré. A ação tem o apoio operacional da Polícia Civil.

Polícia faz operação no Morro do Dendê para prender o traficante Fernandinho GuarabuDivulgação

Segundo a denúncia feita pelo GAECO à 17ª Vara Criminal, as investigações comprovam a expansão de negócios do tráfico de drogas na Ilha do Governador. Os criminosos arrecadaram pelo menos R$ 27 milhões nos últimos três anos através de extorsões a motoristas que atuam no transporte alternativo na região. Para forçar o pagamento de taxas, em torno de R$ 350 por semana por veículos, os traficantes fazem ameaças de morte, incêndio e sequestro dos veículos para o interior da favela do Dendê. Na maioria das vezes, a coleta ocorria nos pontos finais. Em alguns casos, cobradores eram colocados dentro das vans para recolhimento direto das taxas.

Ainda de acordo com a denúncia do MP, Guarabu delegou ao ex-policial militar conhecido como Batoré a gerência do núcleo dedicado à extorsão semanal de motoristas de vans e kombis das 13 linhas que circulam internamente na região. Batoré foi expulso da Polícia Militar após ser condenado em 2005 pela venda de três armas de fogo à quadrilha liderada pelo traficante Fernandinho Guarabu.

A investigação da SSINTE comprovou que ele foi responsável pelo incêndio de uma Kombi em frente ao Ilha Plaza no dia 18 de agosto de 2014 como forma de intimidação. Outra frente do grupo era a exploração das linhas que seguiam para o Centro do Rio (Zumbi/Candelária e Bananal/Castelo), gerenciada por Carlos Alberto Cambraia Junior, vulgo Metal, que morreu em uma troca de tiros no dia 17 de janeiro.

Os bandidos usavam as cooperativas de transporte alternativo para camuflar as extorsões, como a Shalon Fiel, com 500 integrantes. Com o decreto municipal nº 37.154/2013, que estabeleceu o Sistema de Transporte Público Local e a posterior licitação das linhas de transporte, foi possível melhorar o controle do sistema de transportes, com autorizações concedidas a cada motorista individualmente, independentemente de vinculação a qualquer cooperativa. Mas mesmo com a dissolução das cooperativas, a prática criminosa continuou, conforme constatou a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (DRACO/IE) através de documentos apreendidos em novembro de 2015 durante operação.

Naquela ação, Batoré foi denunciado pelos crimes de organização criminosa, extorsão, lavagem de dinheiro, incêndio e falsidade ideológica. Ao todo foram 22 denunciados pelo GAECO-MPRJ. Os crimes variam de tráfico e associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e extorsão. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão. O MP requereu à Justiça o sequestro de bens e o bloqueio de contas dos acusados.

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