Rio - Mais uma vítima da violência no Rio, a professora Lilian Gomes Roma, de 31 anos, foi atingida de raspão no ombro direito enquanto trabalhava no Ciep Chanceler Willy Brandt, no Jacaré, na segunda-feira. O tiro passou a poucos centímetros de seu pescoço enquanto cuidava das crianças em sala de aula.
Segundo funcionários da escola, uma viatura da Polícia Militar passava próximo à unidade quando começou intenso tiroteio. Ontem, quase metade dos 550 alunos do Ciep não foi à aula. O caso está sendo investigado pela 25ª DP (Engenho Novo).
Lilian conta que em cinco anos nunca passou por situação semelhante na escola. “Estava ajeitando o cabelo de uma menina e levantei para pegar a outra (menina) que saía do banho e ouvi um estouro. Na hora deitamos todos no chão. Senti uma queimação no corpo e achei que tinha levado um tiro. Foi quando uma professora viu meu ombro sangrando. A partir daí foi uma correria”, relatou a professora.
Diretor adjunto do Ciep, que fica próximo às comunidades do Xuxinha, do Rato e Jacarezinho, disse que todos estão bastante assustados. “Pedimos à prefeitura apoio psicológico às crianças”, declarou Ramon Carvalho Alberich, que retomou as atividades normais ontem mesmo.
Para Gustavo Miranda, diretor jurídico do Sepe Rio, é preciso que a Secretaria de Segurança estabeleça critérios para a entrada da polícia nas comunidades “Respeitar, no mínimo, o horário de entrada e saída das escolas, por exemplo”, ponderou Gustavo. Ele sugere, inclusive, que a Secretaria Municipal de Educação crie um protocolo com orientações para situações de emergência.
“A professora foi baleada e não sabia o que fazer. A escola deve fechar na hora? É importante definir uma ação, porque todo dia tem tiroteio e em toda comunidade tem escola”, contou. Na manhã de ontem, o secretário municipal de Educação, César Benjamin, esteve no Ciep para um encontro com professores e diretores de escolas do Jacarezinho.
“Queremos construir um grupo para que a secretaria tenha contato permanente com quem está em campo. Blindar as escolas não é uma ideia aplicável. Cada caso é um caso e por isso é preciso ouvir os professores, diretores e comunidades, para que elas nos digam os passo que temos que tomar”, afirmou Benjamin.
Procurada, a Polícia Militar não confirmou se havia viatura no local no momento dos disparos ou se tinha alguma operação em andamento na região.
Polícia apura se tiros em Duda foram da mesma arma
A perícia da Polícia Civil investiga se os dois disparos que mataram a estudante Maria Eduarda Alves, 13 anos, no fim do mês passado, partiram de uma mesma arma. O primeiro resultado do exame balístico, feito com o projétil encontrado em Duda, mostrou que o tiro na coxa da menina partiu de um fuzil calibre 7,62, arma que seria do cabo Fábio de Barros. Ele e outro PM, o sargento David Gomes Centeno, respondem na Justiça pela execução de dois homens deitados no chão no mesmo dia da morte da menina.
Na semana passada, peritos fizeram uma reprodução simulada do caso. Testemunhas contaram que os disparos em Maria foram dados pelos policiais a uma distância de 120 metros da menina, do outro lado do Rio Acari.
Na segunda-feira, o Ministério Público do Rio (MPRJ) denunciou os dois PMs por homicídio simples e não pediu a manutenção da prisão preventiva à 3ª Vara Criminal. Para a promotora Eliza Bastos de Carvalho, os dois policiais deveriam ser transferidos do 41º BPM (Irajá) para outra unidade. E, após a transferência, eles ficariam proibidos de participar de operações e exerceriam apenas funções administrativas.