Rio - Uma paralisação de funcionários da Viação Vigário Geral prejudica a vida de passageiros de ônibus, na manhã desta quinta-feira. A empresa é responsável por oito linhas, a maioria ligando às zonas Norte e Sul da cidade e transportando em média mais de 50 mil passageiros por dia.
A motivação da greve foi o atraso de salário dos trabalhadores da viação, referente ao mês de março. As linhas afetadas são as 284 (Olaria/Candelária - Circular), 404 (Cordovil/Leblon - via Avenida Brasil), 483 (Penha/Siqueira Campos - via Túnel Santa Bárbara), 485 (Penha/Siqueira Campos - via Túnel Santa Bárbara/Linha Vermelha), 486 (Fundão/Siqueira Campos), 497 (Penha/ Laranjeiras), 498 (Penha Circular/Largo do Machado) e 906 (Caju/Jardim América). No fim da manhã, 85% da frota já estavam nas ruas, segundo o Rio Ônibus, que representa as empresas.
Muitos passageiros que usam estas linhas foram pegos de surpresa pela paralisação. "Adoro o sistema de transporte do Rio! O ônibus entra em greve e você perde 50 minutos do seu dia esperando a toa porque ninguém te avisa (sic)", disse João Pedro. "Tentei utilizar o 485 (única opção para quem quer ir pro Fundao da Zona Sul). Ponto lotado e o único caminho alternativo também não deu conta do fluxo", completou o passageiro. Ele precisou pegar outro ônibus para a Cidade Nova, de onde pegou um ônibus até o BRT Fundão e de lá um outro que circula dentro da Cidade Universitária.
A maquiadora Ninna Alexandre, 35 anos, também foi surpreendida, mas disse apoiar os trabalhadores. "Pego em Bonsucesso para o trabalho em Botafogo. Esperei por volta de 35 minutos, o ponto estava bem lotado. Daí decidir pegar o trem e metrô. Acho importante frisar que apoio a greve. O problema é que não houve comunicação dos profissionais. Só soube pelo Twitter. Disseram que avisaram no ponto final, mas não pego no ponto final, não teria como saber. Cheguei ao trabalho com 45 minutos de atraso", contou.
O DIA entrou em contato com o Rio Ônibus, sindicato das empresas, que disse que a VG reconhece o atraso no pagamento de salários de parte dos rodoviários, referente a março, e que está negociando com o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro no sentido de normalizar a operação. O órgão disse que a VG está com parte de sua receita retida em consequência de penhoras judiciais trabalhistas oriundas de outras empresas. As linhas da empresa transportam 51.500 passageiros diariamente.
O Rio Ônibus culpou a crise econômica, o não reajuste na tarifa, previsto para o início do ano, e o não cumprimento do contrato de concessão, assinado em 2010. "Não houve a reposição de custos assumidos ao longo de 2016, como os reajustes de mão de obra e insumos, principalmente óleo diesel." Pelo menos outras nove empresas estão passando por dificuldades, segundo o sindicato.
A Secretaria Municipal de Transportes disse que os consórcios têm uma frota reserva para atuar em situações como estas e não deixar a população ser prejudicada com a falta do serviço. Caso não seja colocado em prática o plano, a SMTR fiscaliza e autua se encontrar irregularidades. Os representantes do Sintraurb-Rio, que representa os trabalhadores, não foram encontrados.