Rio - Em março, Maria Eduarda, 13 anos, foi morta a tiros de fuzil no pátio da escola em que estudava em Acari. Nesta quarta-feira, outra adolescente foi baleada dentro da escola. A vítima foi Samara Gonçalves, estudante do Colégio Estaudal Ricarda Leon, no bairro Parque São José, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Ela foi atingida por um disparo nas costas e teve o pulmão perfurado. A criança está internada, mas não corre risco de morrer.
O crime aconteceu menos de 24 horas depois da menina Vanessa dos Santos, 10 anos, ser baleada na cabeça durante confronto no Complexo do Lins, na Zona Norte.
Samara teve mais sorte do que Maria Eduarda e Vanessa. Ela deu entrada no Hospital Geral de Nova Iguaçu por volta do meio dia, passou por uma cirurgia e seu quadro de saúde é estável.
Segundo a PM, não havia operação policial no momento em que Samara foi baleada, mas sim uma guerra entre facções rivais.
De acordo com uma familiar de Samara, que pediu para não ter a identidade revelada, a reação ao saberem da notícia foi de desespero. "Estamos até agora em estado de choque", afirma. "Nunca imaginei que isso aconteceria com alguém da minha família, mas ela vai ficar bem", conclui.
Samara é considerada pelos amigos e parentes como uma menina alegre e brincalhona, apeser de ser muito tímida. " Ela é uma menina maravilhosa. Nunca nos deu trabalho", comenta a prima.
Ainda segundo a parente da adolescente, a Baixada está "à mercê da criminalidade". Ela diz ainda sentir medo por causa da exposição da família por causa do episódio. Estamos apreensivos. Eu tenho medo de tudo no que diz respeito a bandidos."
O secretário estadual de Educação, Wagner Victer, esteve no hospital e disse que é preciso investigar se a escola seguiu as normas de segurança. "É preciso discutir medidas de segurança que não sejam simplistas. Isso não pode cair no politiquês. A violência é uma constante. Estamos aqui prestando assistência à familía. Eu sinto muito, porque tenho um filho", disse. Victer também ressaltou a importância da educação no combate à violência
O diretor do hospital, Joé Gonçalves Sestello, comentou que Samara tem muita sorte de estar viva. "A bala poderia ter se alojado na coluna ou no coração. Após a drenagem, a menina foi estabilizada. Ela está muito agitada e, mais tarde, uma equipe de psicólogos vai conversar com ela. Nesse momento, não é prioridade retirar o projétil, porque a bala está numa trajetória de risco", relatou Sestello.
Em nota, o comando do 39°BPM (Belford Roxo) informou que facções rivais entraram em confronto nas comunidades Morro do Colejão e Parque Floresta e uma estudante foi atingida no Parque São José. Segundo a nota, o batalhão foi acionado e enviou viaturas ao local.
A adolescente foi socorrida pelos bombeiros e policiais do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 39°BPM realizam operação na região para tentar prender os criminosos e impedir que novos confrontos.
A Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) informou ter enviado uma equipe ao hospital para dar suporte à família de Samara. A Polícia Civil, através de sua assessoria, ainda não deu informações sobre o caso.
Internautas pedem melhora de adolescente e paz em comunidade
Na tarde desta quarta-feira, internautas iniciaram uma campanha nas redes sociais, com as hashtags "#forçasamara" e "#parquesãojosépedepaz" para desejar uma boa recuperação para a adolescente e pedir paz na comunidade em que Samara foi baleada.
"Parece até mentira. A pessoa sai de casa pra ir para a escola ou até mesmo ir trabalhar e não sabe se vai voltar", indignou-se uma usuária. "Aonde vai parar tanta violência nesse lugar, nem dentro da escola tem segurança. Como mora num lugar que as pessoas não podem nem estudar, cara?", escreveu outra.
"Uma pessoa muito querida está no hospital. Rezem por ela", pediu mais uma internauta. "Amigos, peço ajuda em oração para que a Samara fique bem #forçasamara e Deus nos guarde aqui no São José", comentou um amigo.
Com a estagiária Luana Benedito