Rio - Agentes da delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) de Belford Roxo e da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) realizaram, na manhã desta quinta-feira, a operação "Coiote" para desarticular um esquema de tráfico internacional de adolescentes, na Baixada Fluminense. Um casal trazia paraguaias para o Rio com promessa de emprego, mas elas eram exploradas domesticamente e sexualmente. Quatro pessoas foram presas, entre elas uma paraguaia, apontada como líder da quadrilha.
De acordo com a delegada Tatiana Queiroz, titular da Deam Belford Roxo, Mercedes Lopes Sosa, 37 anos, que é paraguaia, era responsável por liderar o bando junto com o seu marido. Além dela, foram presos Rodrigo Moreira de Araujo, 36 anos; Eder da Silva Carvalho, 35; e Daniel Camilo Santos Araujo, 28 anos.
"Eles traziam as adolescentes para fazer trabalho doméstico em troca um pagamento em dinheiro, mas elas acabavam exploradas e abusadas sexualmente, inclusive pelo marido da Mercedes. A mulher facilitava para que outras pessoas abusarem sexualmente dessas adolescentes", disse a delegada.
Duas menores, de 16 e 17 anos, foram identificadas e já retornaram para o Paraguai. A operação começou a ser desenhada depois que uma destas adolescentes fugiu da casa onde era mantida em cativeiro e procurou a Deam de Belford Roxo.
A delegacia acionou o Consulado do Paraguai no Brasil. Com informações de uma investigação em andamento na Decav, a polícia solicitou mandados de prisões temporárias dos investigados, além de busca e apreensão. Eles respondem por estupro, cárcere privado, trabalho escravo e divulgação de vídeos em rede sociais.
Pelo menos 25 agentes participaram da operação e, além dos quatro prisões, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em três residências. Foram apreendidos celulares, pen drives e computadores que serão periciados. A polícia também colherá depoimentos para auxiliar na investigação.
"Com base no material apreendido e nas oitivas (depoimentos) vamos buscar descobrir outras adolescentes vítimas", contou Tatiana Queiroz.
A reportagem entrou em contato com o Consulado do Paraguai no Rio, que disse não ter autorização para falar sobre o assunto. A consul no Rio, Estefania Laterza, está de férias e só retorna à cidade semana que vem.