Rio - O ministro da Defesa Raul Jungmann informou, na noite desta sexta-feira, que as Forças Armadas voltarão a patrulhar as ruas do Rio pela segunda vez em 2017. Agora, segundo o ministro, o efetivo do Exército, Marinha e Aeronáutica ficará até dezembro de 2018. No início de fevereiro, a pedido do governador Luiz Fernando Pezão, nove mil homens foram destacados para a função durante nove dias.
Na ocasião, com a Garantia da Lei e Ordem (GLO), os militares patrulharam a orla da Zona Sul da cidade e vias expressas, como a Avenida Brasil e Transolímpica, além de pontos de Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana. À época, a GLO foi decretada no Rio num momento em que o estado enfrentava protestos de familiares de policiais e de manifestações sobre a votação da privatização da Cedae.
Em entrevista ao RJTV, o ministro não revelou o dia que a atuação deve começar efetivamente, alegando que a surpresa é um fator importante do plano, mas disse que disse os militares podem ser acionados a qualquer momento, em operações conjuntas com as forças de segurança estaduais.
"A presença será permanente mas descontínua. Ou seja, teremos ações que serão realizadas contando com apoio das Forças Armadas e policiais. No momento seguinte, se para essa operação e se iniciam outras (operações)”, afirmou o ministro.
O contingente de militares a ser utilizado nas operações não foi especificado. “Não precisamos de muitos recursos de fora (do estado). Só para dar um exemplo, a Vila Militar (na Zona Oeste), que é a maior unidade militar da América do Sul, tem 12 mil homens. Na totalidade das três Forças temos 35 mil homens (no estado)”, afirmou.
O comando das operações deve ser integrado entre as forças federais e estaduais. “Nós já estamos ativando um Estado-Maior Conjunto com Exército, Marinha e Aeronáutica para apoiar esse plano integrado (...). A essência deste plano é a inteligência para que você saiba onde está o comando do crime organizado. (...) Utilizando o efeito surpresa e a integração de todas as forças sejam elas policiais e militares (vamos) golpear o crime organizado, a bandidagem no Rio de Janeiro”, prometeu.
União vai liberar R$ 700 milhões
O governo federal vai desembolsar cerca de R$ 700 milhões para apoiar ações de segurança no Rio. A verba deverá ser usada, entre outras finalidades, para pagamento de insumos, como munições e até abastecimento de viaturas de polícia.
Os recursos não serão entregues para o governo do estado porque há temor de que sejam destinados a outras atividades, devido à crise, e serão desembolsados mês a mês, até o fim do ano. O dinheiro será usado ainda para garantir o trabalho da Polícia Rodoviária Federal, que controla as estradas para coibir o contrabando de armas e drogas, além de manter a atuação de agentes da Força Nacional.
Anunciada como uma novidade pelo governador Luiz Fernando Pezão, após reunião realizada na quinta-feira no Palácio do Planalto, com o presidente Michel Temer, o envio dos 800 novos homens da Força Nacional e da PRF, na verdade, já tinha acontecido. Como esclareceu o governo federal, eles estão trabalhando no Rio há duas semanas.
Atualmente, 260 agentes da PRF e 620 da Força Nacional estão auxiliando no patrulhamento do Rio desde maio, quando chegaram os primeiros agentes de outros estados. Também está prevista a chegada de 120 policiais rodoviários federais ao estado nos próximos dias. Este contingente ficará no Rio até dezembro do ano que vem.
Medida já foi criticada por especialista
A primeira presença das Forças Armadas já foi alvo de críticas. À época, O DIA ouviu uma das autoridades no assunto. Especialista em segurança pública e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Ignácio Cano acredita que a presença das Forças Armadas no Rio ocorre devido à perda de controle do governo estadual no avanço da criminalidade. “É óbvio que a Garantia de Lei e Ordem (GLO) é um atestado da incapacidade do Rio em prover segurança”, disse.
GLOs são ações coordenadas ou apoiadas pelas Forças Armadas que visam garantir “a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Os alvos, de acordo com a portaria que a instituiu, são “grupos de pessoas cuja atuação momentaneamente comprometa a preservação da ordem pública ou ameace a incolumidade das pessoas e do patrimônio”.
A ideia de usar as Forças Armadas para defender a Assembleia (Legislativa) dos manifestantes é perigosa e coloca as mesmas em uma situação muito delicada”, afirmou Cano.