Rio - O irmão da produtora de elenco Maria Luana de Oliveira Diogo, de 34 anos, encontrada morta dentro de casa em Laranjeiras, na Zona Sul, está preso pelo crime desde o fim da noite desta segunda-feira. Em depoimento, ele disse que a irmã foi "eliminada" porque era "impura" e que sabia quem a matou, mas não falaria.
O DIA apurou que Pedro Luiz de Oliveira Diogo, 24 anos, foi preso em flagrante em uma casa da família que está vazia no Lins de Vasconcelos, na Zona Norte, com ferimentos de unha no corpo e com o celular de Luana. A delegada Marcela Ortiz, da Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital), disse não haver dúvidas de que ele matou a irmã. "Todos os indícios são suficientes de sua autoria no crime", afirmou.
Pedro Diogo morava com a irmã na casa de Laranjeiras e sumiu do local, além de tentar simular de todas as formas que não tinha cometido o crime. "Uma prima disse que até pouco tempo ele tinha foto no perfil dele no Facebook. Verificamos e ele apagou a foto. Depois descobrimos uma conversa que ele teve com outro perfil, que na verdade era um perfil fake dele mesmo. A conversa ocorreu antes mesmo dos bombeiros serem chamados", disse Ortiz.
A delegada afirmou que ele foi a última pessoa a estar com a produtora na casa, onde foram encontrados dois bilhetes: um com números para ligar em casos de urgência e um dele avisando que "ia atrás de quem fez aquilo".
Maria Luana foi encontrada morta dentro da casa em que morava na Rua Cardoso Junior, após os bombeiros receberem um chamado de socorro de que uma pessoa estava passando mal.
Produtora era 'impura', diz irmão
O preso não confessou que matou a Luana Diogo e disse que os arranhões no corpo foram feitos por ela na tentativa de socorrê-la. Entretanto, em um depoimento confuso, ele disse que a irmã era "impura" e que, dentro de sua lógica, foi "eliminada".
"Ele disse que existe diferença entre eliminar e matar. Que pessoas inocentes, puras, morrem, já as impuras são eliminadas. Segundo ele, a irmã foi eliminada porque não seguia as regras de espiritualidade e comia muita besteira", detalhou Marcela Ortiz, contado que estes seriam os mandamentos de um grupo que ele disse seguir, uma "seita que vai dominar o mundo."
Parentes disseram para a polícia que o jovem nunca teve histórico de problemas psicológicos, mas que mudou muito depois que a mãe dele deixou a cidade. Pedro, então, passou a ficar mais deprimido, introspectivo.
De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), Luana Diogo tinha pelo menos 12 ferimentos causados por objeto perfuro-cortante, principalmente na cabeça e costas, além de queimaduras de segundo grau em partes do corpo, indicando que ela foi torturada. Um martelo foi achado no local do crime e a polícia apura se ele foi usado.
O irmão da produtora foi levado para uma audiência de custódia no Tribunal de Justiça do Rio. A DH-Capital pediu para que a prisão em flagrante de Pedro seja convertida em prisão preventiva.
Amigos lamentam morte
Amigos da produtora usaram as redes sociais para lamentar a sua morte. Em sua última postagem no seu perfil no Facebook, na quinta-feira, ela disse estar triste com a morte do vocalista do Linkin Park, Chester Bennington, que se suicidou. "Inacreditável, vocalista de uma das minhas bandas favoritas", escreveu.
"Como pode, você ter compartilhado isso dias antes de acontecer essa tragédia com você?", comentou uma amiga na postagem de Luana. "Luana Diogo, diz pra mim que vou te ligar amanhã e vc vai me atender como você sempre fez, diz que é mentira. Não quero acreditar nisso meu Deus (sic)", lamentou outro.
A casa, localizada no subsolo do número 383, estava com as portas trancadas e, durante a perícia, não foram encontradas as chaves. Além do martelo, uma nota fiscal de supermercado e bilhetes foram encontrados. Um deles dizia: “Desculpe, mas vou atrás de quem fez isso”. A Delegacia de Homicídios descartou a hipótese de latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte.
“Hoje os bombeiros disseram que receberam uma outra ligação com o nome da vítima e então entraram na casa dela”, explicou Alexandre Coimbra, proprietário do imóvel.
Segundo parentes e colegas de trabalho, Luana estava online no WhatsApp às 17h38 de sábado, e depois não deu mais notícias. Uma amiga relatou ter conversado com ela pelo telefone: "Estava super bem, muito empolgada. Viria pegar uma cômoda minha, porque se mudou há pouco tempo e ainda não tinha comprado os móveis das crianças". Luana deixou um casal de filhos, de 8 e 11 anos, que estavam com o pai quando ela foi encontrada. Ela havia se mudado para a casa em Laranjeiras em dezembro do ano passado.