Por karilayn.areias

Rio - Ela teve o filho baleado em seu útero, pouco pode pegálo no colo nas visitas que fez no hospital. Nesta segunda, o pior: carregou o caixãozinho branco de seu anjinho, que lutou durante um mês contra as consequências da violência que o atingiu. Claudinéia dos Santos Melo não levantou o olhar, fixo caixão sobre suas pernas, como quem não quisesse perder os últimos momentos com o sonho interrompido por uma bala.

Pais carregaram o caixão de Arthur%2C morto ao completar um mês de vidaAlexandre Brum / Agência O Dia

A despedida do bebê, que ficou internado por quase um mês no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, foi marcada pelo silêncio dos amigos e familiares, que pareciam incrédulos com a morte da criança. 

Arthur teve complicações de uma hemorragia digestiva por volta das 5h30 de domingo e faleceu às 14h. Inicialmente, seu corpo foi encaminhado ao IML de Caxias, mas depois foi transferido para o Centro. Até o momento, a Polícia Civil não explicou o motivo da mudança. 

Relembre o caso

A mãe de Arthur, Claudinéia dos Santos Melo, que estava grávida de nove meses, levou um tiro, no dia 30 de junho, quando ia ao mercado no centro de Duque de Caxias, e teve que ser submetida a uma cesariana de emergência. O tiro atingiu a região pélvica de Claudinéia e atravessou o tórax do bebê, ferindo também uma das orelhas. Ela recebeu alta no dia 6 de julho.

Arthur teve quadro de paraplegia, e os médicos do hospital avaliaram que suas chances de recuperação eram boas. À época, foi constatado que não houve lesão ao cérebro. Logo na chegada ao hospital, o bebê passou por uma cirurgia para descompressão da medula, após fazer uma ressonância nuclear magnética. 

O caso está sendo investigado pela 59ª DP (Duque de Caxias) que apura informações de que criminosos armados teriam atirado contra uma viatura da Polícia Militar que trafegava pela via onde Claudineia foi baleada. Os agentes buscam possíveis testemunhas e imagens de câmeras de segurança que possam ajudar a esclarecer os fatos. 


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