Rio - O Ministério Público Federal (MPF) descobriu provas de que o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como "Rei Arthur", e o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) realizaram diversas viagens juntos para o exterior para supostas articulações para a compra de votos para a escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016. O grupo fez pelo menos 15 viagens juntos para os Estados Unidos e Europa, principalmente para a França, entre fevereiro a outubro de 2009, mês que ocorreu a eleição.
Em depoimento para o MPF, durante a Operação Eficiência, Cabral havia admitido as viagens com Nuzman, mas omitiu o nome de Rei Arthur. O MPF desconfia que estas viagens tenham sido feitas para articular a compra de votos de delegados africanos do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Contra Rei Arthur, ele e sua sócia há dois mandados de prisão por lavar dinheiro para o esquema, por meio de offshores nas Ilhas Virgens Britânicas e em contas nos Estados Unidos.
Já Nuzman terá que depor às 15 horas desta terça-feira, na Polícia Federal, na operação intitulada como "Unfair Play". A ação tem como objetivo desmantelar um esquema criminoso envolvendo o pagamento de propina em troca da contratação de empresas terceirizadas por parte do governo do Rio de Janeiro. Esta nova fase da Lava Jato no Rio, conta com apoio de autoridades francesas.
Foram expedidos mandados de busca e apreensão nas casas dos evolvidos, na sede do COB, do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos 2016 e nas empresas AS Patrimonial, Pulse Participações, Laborvida Laboratórios Farmacêuticos, LHS Barra Empreendimentos Imobiliários, Grupo Prol S.A., NZ Palestras, Conferências e Estuados Eireli. Além disso, o MPF pediu o bloqueio de até R$ 1 bilhão do patrimônio dos envolvidos, incluindo apartamentos em área nobre do Rio de Janeiro, carros de luxo e aeronaves.
As investigações, iniciadas há nove meses, apontam que os pagamentos teriam sido efetuados tanto diretamente com a entrega de dinheiro em espécie, como por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.
"Os fatos apurados indicam a possibilidade de participação do dono das empresas terceirizadas em suposto esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha da capital fluminense pelo Comitê Olímpico Internacional como sede das Olimpíadas 2016, o que ensejou pedido de cooperação internacional com a França e os Estados Unidos", informou a PF.
Pelo menos 70 policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
As sedes do Comitê Olímpico do Brasil e do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio também são alvos de mandados de busca e apreensão.
Com informações do Estadão Conteúdo