Por thiago.antunes

Rio - Após dias de mal-estar entre os governos estadual e federal, o governador Luiz Fernando Pezão definiu o encontro que teve com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, ontem, com uma expressão utilizada entre músicos. "Afinamos nossas violas", disse. No entanto, o repertório ainda falta ser definido.

Apesar de a Secretaria de Segurança ter enviado um relatório pedindo o patrulhamento das Forças Armadas em 103 pontos da Região Metropolitana que apresentam déficit de policiais e têm altos índices de crimes , o ministro disse que a solicitação ainda será avaliada, pois o estudo não teria sido concluído.

Após intensos tiroteios%2C moradores retiraram veículos crivado de balas da comunidade. O confronto fechou as unidades de ensino da região%2C deixando 1.915 alunos sem aulas Estefan Radovicz / Agência O Dia

"Ele (o governo do estado) está concluindo esse trabalho e, assim que nós o recebermos, vamos analisar com toda a boa vontade", afirmou Jungmann. Pouco antes do encontro, o ministro tentou minimizar, a jornalistas, a falta de comunicação entre os governos. "Nossos times precisam trabalhar juntos e coesos em defesa da população. Vamos sentar, conversar, fazer uma DR (Discutir a Relação) e resolver isso", brincou.

Como O DIA noticiou ontem, entre os pontos onde a secretaria pede o patrulhamento estão as vias expressas, como Linha Vermelha, Avenida Brasil e Transolímpica. Também foi solicitada a presença dos militares no entorno dos complexos do Chapadão e da Pedreira, incluindo o Morro da Lagartixa, na Zona Norte, além de comunidades da Baixada Fluminense e de São Gonçalo.

Policiais apreenderam dois fuzis%2C duas pistolas%2C três granadas%2C carregadores%2C munição e drogas ontemDivulgação

Um outro item pedia o "pronto emprego de tropas em comunidades em risco de confronto", mesmo com índices não tão altos de crimes. Nesse caso, a Rocinha seria contemplada com tropas do Exército no seu entorno, por exemplo, quando ocorresse suspeita de um confronto iminente.

De efetivo, no encontro, houve a definição de que as ações integradas de segurança com as Forças Armadas vão continuar. Além disso, o governador ouviu de Jungmann a promessa de que o presidente Michel Temer vai anunciar, até o dia 10 de outubro, um pacote social para ser implantado nas áreas onde as incursões já foram realizadas: Complexo do Lins, Jacarezinho e Complexo do Salgueiro.

Hoje, o ministro irá se reunir com a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, para solicitar uma força-tarefa federal para o Rio, formada por juízes, procuradores e policiais federais. Jungmann não detalhou como essa força irá agir, caso seja aprovada.

Também ontem, o ministro disse que os índices criminais diminuíram desde que as operações integradas tiveram início, no dia 28 de julho. Houve redução de 43,80% nos casos de roubo de cargas, entre os dias 29 de julho e 22 de agosto. No mesmo período, segundo os dados divulgados, os crimes de latrocínio (roubo seguido de morte) caíram 47,82% no estado. Já o roubo a pedestres diminuiu 32,15%.

Polícia prende homem ferido

No quarto dia consecutivo de operações na Rocinha, o Bope apreendeu ontem dois fuzis com criminosos escondidos na mata. Também foram apreendidas duas pistolas, três granadas, munição e drogas. E durante um patrulhamento, a UPP abordou um veículo de carga na Estrada da Gávea, com um homem baleado.

Segundo a polícia, ele teria participado do confronto com policiais momentos antes. “Fui abordado por traficantes com fuzil, achei que fosse morrer. Mas eles me pediram para levar o cara baleado ao hospital”, disse o motorista, em depoimento. O ferido está internado, sob custódia. Ontem, as escolas da Rocinha ficaram fechadas, deixando 1.915 alunos sem aula.

Após a juíza Maria Izabel Pieranti decretar a prisão temporária de Nem da Rocinha,
Rogério 157 e outros nove suspeitos de participação nos confrontos, um dos criminosos foi preso, ontem. Geovane Silva de Lima estava escondido em uma favela na Zona Norte. Informações do setor de inteligência da Polícia Civil apontam que Rogério 157, apesar de ter conseguido expulsar o grupo de Nem, não conseguiu apoio de traficantes presos em Bangu e está enfraquecido.

O traficante Cachorrão%2C do bando de Rogério 157Reprodução

Rogério, que se diz evangélico, gosta de exibir nas redes sociais fotos com joias. Em uma delas, usa um cordão, com um enorme coração, onde está escrito “Jesus é o dono do lugar”. O resto do bando também publicou fotos com relógios e pesados cordões e aneis de ouro, além de exaltarem Rogério 157 em outras imagens.

Detalhe do cordão do traficante Rogério 157Reprodução


Da Nike%2C do bando de Rogério 157Reprodução

Colaborou Jonathan Ferreira

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