Por thiago.antunes

Rio - Depois de investir verba municipal na demolição do pórtico da cidade e na criação de secretarias, o prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro (PMDB), o Waguinho, instituiu mais um ato polêmico. Desta vez, ele decidiu abrir licitação para compra de um carro no valor de R$ 99 mil. Mas, depois da repercussão negativa, ele voltou atrás e cancelou a medida.

O veículo seria para a Fundação de Desenvolvimento Social do município, que tem status de secretaria, e está subordinada à pasta de Assistência e Cidadania, gerida por Daniela Carneiro, mulher do prefeito.

Na entrada da cidade%2C não há mais o pórtico%2C que foi demolido em julho e está sem previsão de construçãoMaíra Coelho / Agência O Dia

Quando a prefeitura anunciou a compra de um novo carro, servidores de Belford Roxo fizeram uma enxurrada de críticas e alegaram que estão com pagamentos atrasados há mais de seis meses. O 13º salário de 2016 também não foi depositado.

"É constrangedor ele (o prefeito) gastar dinheiro comprando carro de luxo. Não condiz com a realidade da nossa cidade", criticou a cozinheira Maria Cleide Silva, de 62 anos. Outra que endossa o coro contra a administração do prefeito é aposenta Maria do Rosário, 62, que passou mais da metade de sua vida servindo à prefeitura.

"É lamentável o que essa gestão está fazendo com a população. Não estamos tendo direitos básicos. Fora que trabalhamos a vida inteira e o resto que sobra não podemos usufruir, pois não recebemos o que nos é de direito". Em nota, a prefeitura alegou que está com pagamento dos salários do ano em dia.

Belford Roxo arrecada dos governos federal e estadual cerca de R$ 58 milhões. Desse montante mais de R$ 24 milhões são destinados à folha de pagamento da cidade entre servidores ativos e inativos.

Cidade tem, agora, 35 secretarias

Enquanto municípios decidem conter gastos, Waguinho vai na contramão e cria novas secretarias. Só na semana passada foram três, inclusive a de Agricultura. A Secretaria de Turismo também foi fundada, pois o prefeito pretende criar um Centro de Convenções.

"Aqui temos um turismo de negócios. Já até temos dinheiro para a construção desse espaço", declarou um funcionário da prefeitura, que preferiu não se identificar. A última gestão deixou para Waguinho 20 secretarias. Em 10 meses ele criou mais 15. Em nota, o município informou que novas pastas foram criadas para "descentralizar e agilizar os serviços".

Os mais de 500 mil moradores do município também sentem na pele os problemas de gestão. Na manhã de ontem, quem buscava atendimento nas unidades de saúde encontrava dificuldades com a falta de médicos e medicamento. No Posto Neuza Brizola, no Centro, não tinha dipirona. "Aqui falta tudo. É inadmissível chegar em um posto e não ter um analgésico. Médico aqui é coisa rara", lamentou o motorista Amaro José da Silva, 58.

Também por nota, a prefeitura alegou que "ao assumir a gestão, o município encontrou diversas unidades de saúde sucateadas". Segundo o órgão, obras estão em andamento em algumas unidades e um processo seletivo vai convocar novos profissionais.

O pórtico derrubado em julho, ainda não tem data de construção. De acordo com a prefeitura, o layout está em avaliação pela equipe técnica.

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