Por thiago.antunes

Rio - Cariocas que buscam atendimento em Clínicas da Família e Postos de Saúde enfrentam dificuldades por conta da greve de médicos e enfermeiros, há quase três semanas. De acordo com a Associação de Medicina de Família e Comunidade do Rio (AMFaC-RJ), dos 227 centros de atenção primária, 160 aderiram à paralisação, com apenas 30% dos funcionários em cada unidade. Os profissionais pedem regularização dos salários, aumento no orçamento e reposição de medicamentos.

A dona de casa Yasmin Queiroz, de 24 anos, está há 3 meses tentando retirar um cisto do ombro. Ela esteve ontem pela manhã no Centro Municipal de Saúde (CMS) Salles Neto, no Rio Comprido, se queixando de dores, mas não foi atendida. "A funcionária me falou que a minha consulta foi cancelada porque os médicos estão em greve. Não há um prazo para remarcação", lamentou Yasmin, que havia marcado consulta há cerca de 15 dias. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que o procedimento da paciente será feito quando a greve for encerrada.

Medicamento de Maria de Lourdes está em falta no centro municipalMaíra Coelho / Agência O Dia

Na mesma unidade, mãe e filho se queixaram da falta de medicamentos para tratamento psiquiátrico. A aposentada Maria da Conceição, 74, só conseguiu uma parte da quantidade de Rivotril receitada pelo seu médico. Já o militar Carlos Alberto de Paiva, 45, reclamou da falta de Carbonato de Lítio, usado em seu tratamento.

A baixa no estoque das farmácias também afeta o CMS Hélio Pellegrino, na Praça da Bandeira, onde a aposentada Maria de Lourdes, 67, foi embora sem Sinvastatina. "Sempre que venho ao médico, consigo levar os medicamentos que preciso, mas dessa vez vou voltar para casa sem nada". Um profissional de saúde, que preferiu não se identificar, denuncia que faltam produtos básicos como gaze, atadura e soro. A SMS alega que abriu crédito suplementar de R$ 25 milhões para compra de insumos e medicamentos.

Já na Clínica da Família Medalhista Olímpico Ricardo Lucarelli, no Estácio, pacientes reclamam da falta de médicos e aparelho de raio X. A vendedora Adriana de Souza, 47, esteve na unidade com pedido do exame, mas foi informada que o aparelho está quebrado. "O atendimento na clínica está péssimo. Nunca tem médico na unidade. Agora, até os medicamentos estão em falta", reclamou. A gerência da unidade nega problemas no agendamento de raio x.

"Os funcionários estão priorizando gestantes, crianças e casos de urgência e emergência", explicou o presidente da AMFaC-RJ, Moisés Vieira Nunes. Em nota, a prefeitura afirmou que está empenhada em regularizar a situação da saúde. No dia 30, foram abertos os procedimentos para repasse de R$ 36,4 milhões às Organizações de Saúde. Algumas já receberam a verba e as demais estarão com dinheiro em conta até hoje.

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