O setor quer permissão para instalar limitadores de altura nos acessos de favelas, a fim de impedir a entrada de grandes carretas que são descarregadas em comunidades
Por thiago.antunes
Rio - A Prefeitura do Rio avalia uma proposta do Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas (Sindicarga) para coibir o roubo de cargas. O setor quer permissão para instalar limitadores de altura nos acessos de favelas, a fim de impedir a entrada de grandes carretas que são descarregadas em comunidades.
A ideia é apoiada pelo Grupo Integrado de Enfrentamento ao Roubo de Cargas (Gierc), criado pela Secretaria Estadual de Segurança. O Sindicarga propôs que o projeto piloto seja implantado em vias de acesso aos complexos do Chapadão e da Pedreira, em Costa Barros. O sindicato estima que 25% dos roubos de carga no Rio tenham alguma relação com essas comunidades.
Segundo o vice-presidente do Sindicarga, Donizete Pereira, os pórticos de ferro teriam cerca de 3,90 metros de altura, custam R$ 13 mil cada e seriam custeados por empresários. São previstas 13 estruturas para o projeto piloto. "A ideia é levar os limitadores para outras comunidades. Nada seria alterado no cotidiano dos moradores e impediria apenas a entrada de carretas maiores. Não atrapalharia o acesso de bombeiros, coleta de lixo e caminhões pequenos de entregas", afirmou.
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Especialistas duvidam da eficácia da medida e acham que as estruturas seriam demolidas por criminosos. "Numa cidade em que roubaram vigas da Perimetral que pesavam toneladas, esse pórtico não vai durar 24 horas. Imagino quanto tempo levam para ter uma ideia brilhante dessas", disse o delegado federal aposentado Antonio Rayol. Ele ressaltou que os limitadores não impediriam bandidos de descarregar a carga para veículos menores fora das favelas. "Precisa é investigar o esquema de receptação", acrescentou.
Diretor da Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança no Rio, Vinicius Cavalcante ironizou: "Eles terão que sensorizar o pórtico para saber em tempo real quando os criminosos vão destruí-los".
Já o delegado Hilton Alonso, da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), que integra o Gierc, defendeu a importância do projeto: "Vai evitar a entrada de carretas gigantescas que não fazem serviço nenhum na comunidade. É necessário um aparato de guerra para tirar um veículo desses lá de dentro. Não seria uma barrinha de ferro simples de o tráfico derrubar. Existe o risco, mas os pórticos custam valor irrisório diante dos prejuízos dos roubos, que chegam a R$ 300 mil". O projeto precisa de aval da prefeitura, que informou que estudará o tema.