Além de dispensar cadáveres, os simuladores 3 D oferecem até 5 mil projeções anatômicas de tecidos, células, nervos e estrutura óssea - Carol Martins /DIVULGAÇÃO
Além de dispensar cadáveres, os simuladores 3 D oferecem até 5 mil projeções anatômicas de tecidos, células, nervos e estrutura ósseaCarol Martins /DIVULGAÇÃO
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Duas faculdades de Medicina no Sul Fluminense começaram a substituir cadáveres humanos por simuladores 3D em aulas de anatomia. Os equipamentos de última geração, do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) e Severino Sombra (USS), em Vassouras , que custam quase R$ 500 mil cada um, permitem dissecação (separação de partes) virtual, o que hoje é feito com defuntos.

Apenas mais 20 universidades, das 250 de Medicina no país, possuem tal tecnologia, que deverá chegar no segundo semestre na capital carioca. Nas que têm cursos de veterinária, sacrifícios de animais para estudos também terão fim.

Reitora do UniFOA (última à direita), Claudia Yamada Utagawa, observa um dos equipamentos com equipe de Medicina, liderada pelo coordenador do curso, Geraldo Assis Cardoso - Wellington Freitas

A Plataforma Multidisciplinar 3D, da startup brasileira Csanmek, já adotada nos Estados Unidos e México, oferece modelos masculinos e femininos tridimensionais. Atlas anatômicos e fisiológicos podem ser aumentados em 200 vezes.

O equipamento, com mais de 5 mil detalhes e cortes disponíveis, se conecta a lousas digitais, retroprojetores e telas por touch (toque). O simulador possui ainda dispositivo que integra hospitais e salas de aula, oferecendo aos alunos a possibilidade de estudar casos clínicos e exames reais de pacientes.

"Estamos orgulhosos de ser pioneiros na implementação de modernas fontes de ensino", afirmou a reitora do UniFOA, Cláudia Yamada Utagawa, destacando que até 120 novos médicos são formados anualmente no Centro Universitário.

O pró-reitor de Ciências da Saúde da USS, João Carlos Côrtes Júnior, disse que a aquisição dos equipamentos marca os 50 anos da instituição.

"Passaremos a combinar o modelo tradicional clássico de ensino, com o mais moderno instrumento para educação e visualização de imagens diagnósticas em Medicina".

Bonecos sintéticos têm reações físicas e até sangram
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Os cursos de Medicina há tempos têm dificuldades para adquirir cadáveres por doações para estudos e esbarram ainda na questão da legalidade para o uso de corpos de indigentes. "Os simuladores 3D eliminam esses entraves e serão empregados não só no curso de Medicina, mas também nos de Odontologia, Nutrição e Enfermagem", adianta Geraldo Cardoso, coordenador do curso de Medicina do UniFOA, o mais tradicional da região.
Os revolucionários simuladores entrarão em operação nos próximos dias. "O sistema é tão realista e didático, que facilita a compreensão e aguça a curiosidade para descobertas", diz o estudante Roberto Silva, 21.
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O UniFOA vai adquirir também mais manequins Syndaver Human (Humano Sintético), com textura e densidade similares à anatomia real. Os modelos, empregados em simulações de cirurgias, dissecações, intubações e demais procedimentos, são capazes de ter reações físicas e até sangrar entre cortes e suturas.
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