Rio - Protestos contra a violência no Rio de Janeiro e na Região Metropolitana marcaram o domingo. Moradores da Zona Sul se reuniram no Largo do Machado para caminhar até o Palácio Guanabara, sede do governo estadual. Houve manifestação também em Niterói. O número de crimes nestas regiões tem assustado a população. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), no ano passado foram registrados nas duas regiões mais de 7 mil ocorrências de roubo de rua, 221 casos de estupro, 15 mortes por latrocínio (roubo seguido de morte) e 545 registros de roubo a coletivos.
Só em 2017, em Niterói, o número de roubos a transeuntes chegou a 4.054. O roubo de veículos registrou 2.373 casos e o de residências chegou a 150. Os roubos a estabelecimentos comerciais registraram 354 ocorrências e 895 pessoas tiveram o celular roubado.
Já na área correspondente ao 2º BPM (Botafogo), 1.597 pessoas foram assaltadas, e outras 508 tiveram os celulares roubados. Os roubos de veículos nesta região chegaram a 354 e o de coletivos atingiram 261 ocorrências. É a região onde mais se registraram roubos no Rio.
No protesto em Laranjeiras, os manifestantes vestiram camisetas brancas com a mensagem 'Planejamento também é segurança' e cartazes pedindo paz. Houve reclamações sobre a falta de patrulhamento e cobranças pelo uso da inteligência policial nos bairros. "Sou moradora do bairro há 45 anos e criei meu filho, hoje com 21 anos, andando livremente pelas ruas, indo e vindo sozinho desde os 11 anos. Hoje fico em pânico quando ele sai de casa", disse a psicóloga Andréa Ferreira,46.
Segundo moradores, é preciso dar um basta e mostrar indignação com a violência. "Não aguentamos mais assistir à violência batendo a nossa porta. Temos que fazer ações e protestos pacíficos", afirmou Carol Almeida, empresária.
Em Niterói, o protesto aconteceu na orla de Icaraí, com gritos de "queremos segurança" e "basta de violência". Centenas de pessoas foram às ruas vestidas de preto e pediram mais ação do poder público no combate ao crime.
"As pessoas estão movidas pelo medo e pela insegurança. Os relatos de violência que acontecem nos territórios urbanos estão deixando as pessoas muito assustadas. Nas ruas todos já se assustam com qualquer coisa, com qualquer barulho. Tudo isso traz a sensação de paralisia, de impotência. Protestar é a maneira de elas falarem para o poder público, de serem ouvidas. É uma maneira de romper com esta paralisia, é um dos caminhos de mostrar a insatisfação com o poder público", analisou Paulo Baía, sociólogo da UFRJ.
A PM foi procurada , mas não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Morte em Niterói
Um morador de rua foi assassinado, no sábado, em São Francisco. Segundo testemunhas, a vítima foi baleada por um motoqueiro depois de ter discutido com um segurança de um supermercado. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da região.