Soraia Macedo de Lemos - Arquivo Pessoal
Soraia Macedo de LemosArquivo Pessoal
Por Bruna Fantti

Rio - Os bandidos que mataram a adolescente Soraia Macedo de Lemos, 17 anos, podem ser do Morro do Barbante, na Ilha do Governador, local dominado pela facção Comando Vermelho. Os criminosos também roubaram outras vítimas antes de abordarem Soraia e a namorada no Jardim Carioca, na noite desta terça-feira.

"Eles realizavam crimes em série na região antes do assassinato da Soraia. Assaltaram um estabelecimento comercial e outra pessoa que estava na calçada. Pedimos para que quem tenha sido assaltado que compareça na delegacia", afirmou Evaristo Pontes, delegado responsável pela investigação. Ainda de acordo com Evaristo, a operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no Morro do Dendê, na manhã desta quarta, não teve relação com a morte de Soraia.

De acordo com o Instituto de Segurança Pública, o número de roubos de celulares na Ilha do Governador aumentou em 71% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2017. Foram 51 casos este ano, contra 32 entre janeiro e março de 2017.

Para o especialista em Segurança, José Ricardo Bandeira, "os smartphones tem se tornado o objeto de maior desejo e em consequência os mais cobiçado pelos assaltantes, que preferencialmente escolhem vítimas de menor poder ofensivo como mães e adolescentes em porta de escolas".

'Última palavra dela foi 'amor''

Nicolli Cespe da Silva, de 21 anos, namorada de Soraia, narrou os momentos de terror vividos pelas duas. Segundo ela, a última palavra que ela disse foi "amor".

"A última palavra dela foi me chamar de amor. É desesperador, é cruel. Não pelo roubo, mas pelo prazer que ele teve de tirar uma vida", disse Nicolli, que tinha saído da casa da namorada e acompanhava a adolescente até o colégio onde ela estudava, a cerca de 300 metros do local do crime.

Segundo a sobrevivente, momentos antes de serem abordadas, Soraia pediu que 'ela nunca a abandonasse'. Nicolli disse que os bandidos surgiram pedindo o celular e arrancaram o iPhone do bolso da vítima, fazendo com que o fone de ouvido arrebentasse. Ao constatarem se tratar de um aparelho que poderia ser rastreado, pegaram o celular de Nicolli, um Samsung J7 Prime, que ela entregou sem esboçar nenhuma reação. No entanto, a jovem afirma que o único bandido armado, que estava na garupa, apontou a arma para a cabeça de Soraia e, quando se preparavam para fugir, atirou e atingiu a adolescente.

"A todo momento, pediam para não olhar para a cara deles. Quando entreguei, pedi pelo amor de Deus que não fizessem nada com a gente. Acredito que acharam que nós tínhamos os reconhecido e atiraram, mas não reconhecemos eles", contou.

Nicolli disse que um taxista socorreu Soraia ao hospital, mas ela não resistiu e morreu. Ela conta que ambas faziam planos de morar juntas e se casarem no Havaí. "Ela queria ser militar da Aeronáutica, fazíamos planos para ela morar comigo. Ontem foi um dia horrível, é uma dor que não sei explicar", desabafou Nicolli. Soraia será enterrada nesta quarta-feira no Cemitério do Cacuia, na Ilha.

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