Rocinha - Agência Brasil
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Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O corpo do morador Francisco Nunes de França, mais conhecido como Pipoca, foi velado na manhã desta quinta-feira, no Cemitério do Caju. O enterro estava previsto para o início da tarde. O idoso, de 75 anos, foi morto durante um tiroteio na Rocinha, Zona Sul do Rio, na última segunda-feira. Ele saiu da Paraíba e chegou à comunidade há 50 anos. Atualmente, ele vivia com o neto, de 16, já que sua filha desapareceu há mais de um ano.

Segundo amigos da vítima, o neto Gabriel Alves Nunes precisou pedir para a Defensoria Pública para autorizar o enterro. Ele era o parente mais próximo de Francisco. "Ele era uma pessoa alegre, que cuidou de mim a vida inteira. Foi ele que me ensinou a andar de bicicleta. Ele costumava dizer que viveria até cem anos", disse.

O aposentado Pedro de Lima Barbalho, de 73 anos, lamentou a morte do amigo e contou que eles se conheceram em um hortifruti onde trabalhavam há 12 anos. "Ele era uma pessoa muito boa. Soube do ocorrido por meio de uma mensagem de outro amigo. Era uma pessoa trabalhadora, honesta. É duro ver que a cada dia perdemos amigos para a violência, que não acaba na Rocinha", reforçou Pedro, que mora na comunidade há 61 anos.

O ex-genro da vítima, Lucinaldo Domingos Gomes, de 40 anos, também foi ao velório de Francisco. "Soubemos que a polícia entrou atirando. Se eu não fosse vivo, se não morasse aqui, meu filho ia ficar com quem? Agora não sei o que vou fazer", completou.

Relações públicas da associação de moradores da favela, William da Rocinha foi ao enterro e criticou a atual política de segurança pública. "A política de confronto não resolve. Colocaram UPPs, intervenção, perdemos seu Marechal e agora seu Pipoca. A Rocinha não está em guerra. Vivemos como a cidade vive, com a violência. Queremos que a polícia entre por inteligência", destacou.

 
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