Ministério Público Federal durante coletiva sobre a Operação Ressonância, desdobramento da Operação Fatura Exposta, contra cartel e fraude em licitações para o fornecimento de equipamentos médicos e materiais hospitalares - Onofre Veras/Parceiro/Agência O Dia
Ministério Público Federal durante coletiva sobre a Operação Ressonância, desdobramento da Operação Fatura Exposta, contra cartel e fraude em licitações para o fornecimento de equipamentos médicos e materiais hospitalaresOnofre Veras/Parceiro/Agência O Dia
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Rio - Ao requerer prisões e buscas contra investigados por cartel e fraudes na Saúde do Rio, realizadas nesta quarta-feira, a força-tarefa da Operação Lava Jato afirmou que Estado tem "órgãos públicos inteiramente ocupados por agentes corruptos, contribuindo para o atual estágio de total desgoverno". A ação mira contratos na área da saúde celebrados pelo Estado do Rio e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into). A 7.ª Vara Federal Criminal decretou a prisão preventiva de 13 investigados e a temporária de 9, além da busca e apreensão em 44 endereços. Também foi decretado o bloqueio de bens no valor de R$ 1,2 bilhão.

De acordo com os procuradores, estão evidentes "exemplos concretos desse comprometimento da política pública que, malgrado alardeada pelos investigados sob o manto de 'modernização' das unidades de saúde do Estado, estava - como ainda permanece - voltada a exponenciar os ganhos ilícitos da organização criminosa, com a aquisição dos equipamentos mais custosos das empresas alinhadas com o grupo para o pagamento de vantagens milionárias".

"Os reflexos dessa corrupção ainda presente em nosso sistema são sentidos na pele de quem adoece e não pode pagar por serviços privados", afirmam os procuradores.

Gustavo Estellita, sócio de Miguel Iskin, chega à sede da Polícia Federal. Contra ele foi cumprido mandado de prisão preventiva - Estefan Radovicz / Agência O Dia

A força-tarefa do Rio, que tem visto o ministro Gilmar Mendes soltar diversos alvos, inclusive Miguel Iskin, preso novamente nesta quarta-feira citou o magistrado ao pedir as medidas cautelares no âmbito da Ressonância.

Os procuradores afirmam que o "Ministério Público e o Poder Judiciário não podem fechar os olhos para os impactos da corrupção na vida dos cidadãos, dentre os quais merece destaque, sobretudo no Estado do Rio de Janeiro, a violência". Em seguida, citam trecho de entrevista do ministro em que cita a "ocupação" do Rio por facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas.

"De fato, conforme demonstrado na presente peça e nas investigações que se iniciaram a partir da Operação Calicute, o Rio de Janeiro possui não apenas "territórios ocupados" como também "órgãos públicos inteiramente ocupados" por agentes corruptos, contribuindo para o atual estágio de total desgoverno que ora se instalou no Estado", afirma a Lava Jato.

Segundo os procuradores ainda dizem, a "Lava Jato no Rio de Janeiro revelou a existência da mais poderosa organização criminosa já identificada no Estado, da qual faziam parte o seu governador, os presidentes da Assembleia Legislativa, seis do sete membros do Tribunal de Contas do Estado, todas as secretarias de Estado, entre outros órgãos ainda em investigação sigilosa".

"Conforme ressaltou o eminente ministro, sem a atuação firme do Poder Judiciário, o Estado do Rio de Janeiro não conseguirá virar essa página triste de sua história que afeta milhões e milhões de pessoas, sendo imprescindível expurgar tais pessoas da administração pública com medidas proporcionais à gravidade da atual situação", afirmam.

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