Presos na operação da PF contra uma quadrilha internacional de drogas. Bando usava contêineres para enviar droga para a Europa - Severino Silva / Agência O Dia
Presos na operação da PF contra uma quadrilha internacional de drogas. Bando usava contêineres para enviar droga para a EuropaSeverino Silva / Agência O Dia
Por O Dia

Rio - A Polícia Federal realiza, na manhã desta segunda-feira, Operação Antigoon, que visa desarticular uma quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas através de contêineres que saíam dos portos do país direto para a Europa. Cerca de 100 agentes federais cumprem 21 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de prisão preventiva no Estado do Rio de Janeiro, em São Paulo e no Espírito Santo. Doze pessoas foram presas até às 11h.

A ação de hoje tem como base investigações que duraram aproximadamente um ano e contaram com o apoio da Receita Federal. Os contêineres com drogas eram eram enviados em navios de carga, mas o bando também criava empresas de fachada para exportar a droga. Durante a investigação foram apreendidas cerca de quatro toneladas de cocaína nos portos do Rio de Janeiro, de Vitória (Espírito Santo), em Santos (São Paulo) e em Suape (Pernambuco).

Entre os presos está um casal que morava na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Segundo a polícia, ele trabalha no setor financeiro, enquanto ela trabalha com comércio no exterior. Ambos usavam seus conhecimentos para para mandar drogas para fora do país. 

A quadrilha usava cargas pouco visadas, como de material de construção, e colocava a droga entre o produto que seria exportado. Os lacres eram trocados e o dono do material nem ficava sabendo do esquema. No porto de destino, o contêiner era arrombado e o entorpecente retirado, sendo colocado um novo lacre, falso. Segundo as investigações, o pagamento era feito em dinheiro e também em moeda virtual (bitcoin) no exterior. 

Presos na operação da PF contra uma quadrilha internacional de drogas. Bando usava contêineres para enviar droga para a Europa - Severino Silva / Agência O Dia

Os criminosos tinham um mapa dos contêineres e sabiam onde ficavam cada um deles no navio. Entre os alvos estão despachantes aduaneiros, funcionários de terminais portuários, motoristas e agentes marítimos. Um caminhão também foi apreendido. Ações foram controladas para rastrear todo o trajeto que a droga fazia até chegar ao destino final. 

Também foram identificados o destino da droga para efetuar a desarticulação do braço da quadrilha no exterior. Foram realizadas apreensões de cocaína também nos portos de Antuérpia, na Bélgica; Gioia Tauro, na Itália, e em Valência, na Espanha. A investigação contou com a cooperação policial internacional e a atuação de agentes da PF no exterior, assim como representantes das polícias estrangeiras que atuam no Brasil.

"Essa é a maior operação realizada de combate ao tráfico internacional no Rio de Janeiro, onde foram batidos recordes de apreensão de cocaína nessa modalidade de tráfico, que é o modal marítimo. Isso é importante frisar porque esse tipo de modal utilizado por essas quadrilhas é o que tem viabilizado os maiores apreensões de drogas. Esse braço da quadrilha se utiliza dessa ferramenta, o uso contêineres, que é a maior via de envio de drogas para o exterior", disse Carlos Eduardo Thomé, da Delegacia de Repressão a Entorpecente (DRE), da Polícia Federal.

Presa na operação da PF contra uma quadrilha internacional de drogas. Bando usava contêineres para enviar droga para a Europa - Severino Silva / Agência O Dia

Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, por tráfico transnacional de drogas e associação para o tráfico de drogas, cujas penas podem chegar a 25 anos de reclusão.

Antigoon, que dá nome à operação, é uma referência a uma lenda sobre a origem do nome da cidade de Antuérpia, principal destino da droga na Europa. Segundo a lenda, um gigante chamado Antigoon cobrava valores de quem atravessasse o rio Escalda e cortava uma das mãos daqueles que se recusassem a pagar. Antigoon foi morto por um jovem chamado Brabo, que cortou a mão do próprio gigante e atirou-a ao rio. Daí o nome Antwerpen; do holandês hand (mão) e wearpan (arremessar).

Em março, maior apreensão da história em Porto do Rio

Em março deste ano, uma operação conjunta da Receita Federal e das polícias Civil e Federal apreendeu uma tonelada e meia de "cocaína pura" no Porto do Rio. O material estava embalado em dezenas de bolsas, escondidos em contêineres. Segundo a polícia, esta foi uma das maiores apreensões da droga na história do estado.

O chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal, o delegado Carlos Eduardo Thomé, disse na ocasião que investigava se a cocaína "pura" no porto teria como destino a Bélgica, uma das maiores portas de entrada de droga na Europa.

Carga de 1,5 tonelada foi apreendida no Porto do Rio, em março deste ano, e teria como destino a Bélgica - Divulgação / Arquivo

Segundo ele, a carga da droga — escondida em dois contêineres junto a materiais de construção — poderia ser transformada em até 10 toneladas. "Vamos apurar o destino final dessa droga e identificar também a origem dos contêineres, as empresas envolvidas, o responsável pelo despacho, ou seja, todas as pessoas envolvidas", disse ele na época.

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