
Rio - Vereadores da oposição conseguiram reunir nesta terça-feira as 17 assinaturas necessárias para a convocação da Câmara do Rio no meio do recesso. O objetivo é debater as denúncias de crime de responsabilidade e improbidade apresentadas contra o prefeito Marcelo Crivella após a reunião em que ele teria oferecido facilidades a evangélicos. O futuro do governante começa a ser definido em sessão extraordinária nesta quinta-feira, às 14h, quando a Casa deve decidir em votação pela abertura ou não do processo de impeachment.
Parlamentares de oito partidos assinaram o requerimento. A convocação será publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial da Câmara. Para que a sessão seja realizada, é exigida a presença de pelo menos 17 vereadores (um terço). E para que as denúncias sejam acolhidas, dando início ao processo que avaliaria se Crivella deve ou não ser impedido, são necessários 34 votos (dois terços).
"As assinaturas não são a favor ou contra o impeachment. Elas são a favor de que haja a sessão para discutir a abertura dos trabalhos", explicou Tarcísio Motta (Psol), um dos signatários.
O prefeito, segundo nota da assessoria, entende que "protocolar pedido de impeachment faz parte do jogo político da oposição. Mas tem certeza que tanto a Câmara quanto o Ministério Público vão saber separar o que é realidade do que é manipulação". O gabinete comunicou ainda que Crivella aconselhou sua base a encaminhar um pedido de abertura de convocação extraordinária para que tudo possa ser esclarecido e que a expectativa é reunir 30 signatários.
O movimento deve-se a uma reunião de Crivella com pastores evangélicos no Palácio da Cidade, no início do mês. Na ocasião, ele orientou que fiéis procurassem assessores que os ajudariam a operar catarata em até duas semanas. Também foram oferecidos atalhos para cirurgia de varizes, suspender cobrança de IPTU de igrejas e instalar pontos de ônibus perto dos templos.
Como a base governista é maioria (Tarcísio estima que só 10 dos 51 sejam oposicionistas), a expectativa da oposição é que a pressão popular estimule o impeachment. "A gente não sabe quantos votos vai ter. Queremos que o cidadão comum saiba como pensa cada vereador", disse Paulo Pinheiro (Psol).
Além dos vereadores citados, assinaram o requerimento David Miranda, Babá, Renato Cinco, Leonel Brizola (PSOL); Reimont, Luciana Novaes (PT); Fernando William (PDT); Átila Alexandre Nunes, Rosa Fernandes, Rafael Aloísio de Freitas (MDB); Leandro Lira (Novo); Teresa Bergher, Professor Adalmir (PSDB); Ulisses Marins (PMN) e Zico (PTB). Dois pedidos de impeachment foram protocolados na Câmara, um pelo vereador Átila A. Nunes (MDB) e outro pelo Psol Carioca.