Daniela Fiszpan, Perucas Fiszpan - Divulgação/Fiszpan
Daniela Fiszpan, Perucas FiszpanDivulgação/Fiszpan
Por FRANCISCO EDSON ALVES

RIO - Criada no Século 16, no Egito, a peruca, que andava meio fora de moda, voltou a fazer parte do universo feminino. O acessório teve o auge da fama na década de 1970. Os bons de cabeça se lembram de um dos comerciais mais marcantes da TV, em que a atriz Neide Aparecida da Silva que hoje, com 81 anos, vive no Leblon , recomendava: "Perucas Lady. Tá?". Agora, inspiradas em estrelas como Beyoncé, Rihana, Lady Gaga, Anitta, Juliana Paes e Bruna Marquezine, que costumam usar e abusar do artifício, as cariocas redescobrem o adorno.

"É uma solução diária prática", atesta a atriz Carolina Reichert, 27 anos. Keyla Milanez, 40, bailarina e atriz, usa a peça "sem moderação". "Me sinto elegante", justifica. A atendente de telemarketing, Nalva Menezes, 25, conta que precisou usar uma prótese de silicone para disfarçar queda capilar. "Combati o problema, mas continuei ostentando falsos cabelos. Gostei de ser camaleoa".

A atriz Alhandra dos Santos, 36, radicalizou, ao raspar de vez a cabeça há quatro anos. "Tenho 10 perucas. Meu marido (Márcio dos Santos, 50) brinca que jamais vai se enjoar de mim. Um dia estou morena, e, no outro, loira", diverte-se.

No Rio, as poucas fábricas que resistem ao tempo e à informalidade da concorrência, ainda não estão de cabelo em pé com a crise. Algumas chegam a pagar R$ 1,2 mil por 100 gramas de madeixas naturais (loiras e sem tinturas são as mais valorizadas).

As perucas modernas são caras. Variam entre R$ 2 mil e R$ 7 mil e são feitas por artesãos qualificados, como na Jakbell, em Copacabana, inaugurada em 1953, e já conhecida nos EUA, Portugal, Angola, Argentina, França, Itália, Inglaterra, África, Alemanha e Espanha. A maioria dos modelitos é lavável e pode até ser submetida a chapinha ou penteado no cabeleireiro.

"Meu pai (o polonês Jakob), que herdou a fábrica do meu avô (Hercko), fez perucas para Jacqueline Kennedy Onassis (que foi esposa do presidente americano, John Kennedy)", orgulha-se Hélcio Jakbell, 53 anos, chamado de Rei das Perucas do Rio.

Nos bastidores dos peruqueiros, histórias emocionantes de superação, de quem venceu o câncer, e também hilariantes. "Teve um cliente que, desconfiado que a esposa era garota de programa, comprou peruca para segui-la, vestido de mulher. Foi um mico, especialmente porque a mulher era inocente", lembra Hélcio. Na Europa, no passado, a altura dos topetes das perucas era símbolo de poder e status.

Brasil exporta meia tonelada de cabelo em um ano
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Estima-se que o Brasil tenha exportado, em um ano, meia tonelada só de cabelos, segundo a UM Comtrade, banco de dados das Nações Unidas. Mas especialistas acreditam que os números sejam mais altos, por causa da informalidade.
Fundada em 1933 no Rio, a Fiszpan usa produtos ultramodernos e importados, oferecendo, através da modelo internacional, Carol Fontaneti, 25 anos, 60 opções de tonalidades de perucas de cabelos sintéticos, em telas antialérgicas, que imitam o couro cabeludo. Com acabamentos maleáveis, são usadas tanto por quem faz tratamentos de saúde, como casualmente. "Mudamos o visual e recuperamos a autoestima", resume Daniela Fiszpan.
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Já a Perucas Lady, muitos já estão carecas de saber: sucesso natural de marketing, mantém há mais de meio século o mesmo padrão artesanal. "É assim que atraímos clientes de dez países", gaba-se a gerente operacional, Katia Amorim.
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