Lacraia estaria voltando de uma reunião com outros traficantes para planejar ataques e UPPs - Divulgação
Lacraia estaria voltando de uma reunião com outros traficantes para planejar ataques e UPPsDivulgação
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Durante um confronto entre policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e criminosos, na manhã desta segunda-feira, foi baleado e preso André Luiz Cabral dos Santos, conhecido como Lacraia, apontado como chefe do tráfico na Favela do Arará, em Benfica. O traficante participou de uma reunião com outras lideranças criminosas para organizar um ataque às bases de UPP na região, em represália às mortes de cinco suspeitos neste domingo.

Lacraia era monitorado pela polícia e nas escutas foi constatado que, ainda ontem, ele participou da reunião que planejava o ataque. O seu retorno hoje ao conjunto de favelas seria para "chancelar" e participar do ataque aos policiais do Alemão. A troca de tiros em que ele acabou baleado aconteceu na Rua Uranos com Aliomar Hermínio Pereira, um dos acessos ao Morro do Adeus, que faz parte do complexo de favelas, região que vive desde ontem tiroteios intensos.

Blindado do Bope na Avenida Itaoca, em um dos acessos ao Complexo do Alemão - Armando Paiva/ Agência O Dia

As equipes da DRFA sabiam de seu retorno ao local e esperavam sua chegada, quando ele chegou em uma moto. Na abordagem, criminosos em outros dois veículos, um Corolla prata e um Honda HRV branco, atacaram os policiais, iniciando o confronto. Além do chefe do tráfico, um outro bandido foi baleado, mas os comparsas conseguiram resgatá-lo e levá-lo para dentro do Morro do Adeus.

André caiu da moto e foi levado para o Hospital Federal de Bonsucesso pelos policiais, onde passa por cirurgia, após ter sido baleado na perna. Segundo a Polícia Civil, as investigações apontam Lacraia como responsável pela venda de drogas nas comunidades do Arará, Varginha, e pelo dinheiro enviado para todas as bocas de fumo da mesma facção criminosa que atua na área para a compra de armas.

Outra investigação da da DRFA aponta que a quadrilha da Favela do Arará, liderada por Lacraia, é responsável pela morte do inspetor de polícia Sérgio Waldir, ocorrida em 2016, em Ramos. Havia uma recompensa de R$ 1 mil por informações que levassem à prisão de Lacraia.

Policial baleado no Complexo do Alemão

Na Favela Nova Brasília, em outro ponto do Complexo do Alemão, um policial militar foi baleado, no início da manhã desta segunda-feira, durante um confronto com criminosos. O soldado foi atingido na perna durante um ataque na troca de serviço na localidade conhecida como Beco do Índio.

O intenso tiroteio na região fechou a Avenida Itaóca até as 9h56, segundo o Centro de Operações da Prefeitura. O Batalhão de Choque (BPChq) e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram chamados para reforçarem o policiamento. Muitos comércios estavam fechados nas comunidades até o fim desta manhã e ônibus não passavam pela Avenida Itaóca, onde circulavam apenas vans, veículos de passeio e motos. Nas vias do Alemão, o resultado dos tiroteios eram vistos nos asfaltos, com cápsulas de armas deflagradas. 

Cápsulas de armas na Avenida Itaoca, em um dos acessos ao Complexo do Alemão - Armando Paiva / Agência O Dia

O policial foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Segundo informações iniciais, seu estado de saúde é estável e ele não corre risco de morrer. Durante o início da manhã, moradores de comunidades do Alemão relataram um intenso tiroteio, inclusive com a presença do Batalhão de Choque (BPChq) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), com o auxílio de blindados. Procurada, a PM ainda não se posicionou, mas através do Twitter informou sobre a presença da força especial da corporação.

Cinco mortos em operação da PM no Alemão

Cinco pessoas morreram, na manhã de domingo, após um confronto com policiais militares no Complexo do Alemão. A PM alega que foi atacada pelos supostos bandidos na altura da região conhecida como Serra da Misericórdia. Moradores da comunidade, no entanto, acusam integrantes da UPP local de planejarem uma tocaia. Até o início desta manhã, os corpos ainda estavam sem identificação no Instituto Médico Legal (IML).

Entre os armamentos apreendidos na operação, havia um fuzil AR-10, arma de uso restrito do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e do Batalhão de Choque. A identidade dos mortos ainda não foi revelada.

A versão da polícia sobre o confronto foi contestada por moradores nas redes sociais. "Nenhum policial ferido nem de raspão? Eu me calo porque tenho família no morro", afirmou um morador. "Que confronto é esse que só aconteceu na mata?", desabafou outra. E mais um internauta mostrou desconfiança: "Fizeram troia (tocaia) na Serra da Misericórdia pra pegar os caras voltando do baile da gaiola e inventaram maior caôzada".

Em nota, a PM informou que "policiais estavam em patrulhamento no Complexo do Alemão, próximo ao local conhecido como Serra da Misericórdia, quando foram atacados a tiros por criminosos. Houve confronto. Cinco criminosos foram feridos. Os policiais socorreram os feridos para o Hospital Getúlio Vargas".

Essa não é a primeira vez que o AR-10 aparece nas mãos de supostos bandidos. Em maio de 2017, reportagem de O DIA mostrou que esse potente armamento era um dos 32 apreendidos nas mãos de criminosos presos quando tentavam retomar pontos de venda de drogas na Cidade Alta, em Cordovil. Na operação de ontem, foram encontrados também um fuzil G3, duas pistolas, uma granada, uma motocicleta sem placa e um colete à prova de bala.

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