Vinil Polysom - Rreprodução
Vinil PolysomRreprodução
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Um dos poucos estabelecimentos do gênero no planeta - só há 91, localizados em apenas 29 países -, a fábrica de discos de vinil Polysom, em Belford Roxo, está próxima de comemorar 20 anos de fundação. Mas a marca inédita alcançada com a produção de mais de um milhão de Long Plays (LPs) já antecipa as comemorações, literalmente, em alta rotação. No Brasil, a empresa da Baixada Fluminense, inaugurada em 1999, tem somente a Vinil Brasil, em São Paulo, como concorrente. A produção global de vinis ultrapassa 50 milhões de unidades por ano.

Além do inédito feito, a Polysom, que ressuscitou os famosos bolachões, inventados em 1948 mas que, por conta dos Compact Discs (CDs), praticamente sumiram do mapa em meados dos anos de 1990 , anunciou, em maio, uma outra novidade. Vai dar início à duplicação, em larga escala (cerca de 4 mil por mês), de cassetes, em fitas e cartuchos importados.

"Estamos colocando no mercado um outro produto de qualidade da indústria fonográfica, que andava esquecido. Surpreendentemente, mal começamos a produção e já há uma grande gama de clientes na fila", avisa o consultor da Polysom, João Augusto, explicando que maquinários especiais foram preparados durante um ano.

"Hoje garantimos um produto de qualidade, em quatro cores. Jamais nosso cliente vai improvisar, rebobinando fitas com caneta como antigamente. E nem moedas em caixas de fósforos sobre os braços dos toca-discos, no caso do vinil, para evitar que o LP pule", destaca João, entusiasmado.

O consultor diz ignorar os críticos que consideram os fabricantes de vinil e cassetes "loucos, na contramão da tecnologia", por ofertarem itens analógicos. "Aos céticos, relembro que quando relançamos o vinil, só existiam duas fábricas de toca-discos no mundo. Agora, já existem pelo menos 20 marcas ativas", justifica João.

Até há duas décadas, vinis e cassetes despertavam interesse só de colecionadores, mas, agora, o público é variado. A Polysom, que tem como meta a produção de 200 mil discos de vinil por ano, e que já disponibiliza em cassete sucessos de Nando Reis, Pitty e Planet Hemp, será o único país a lançar o novo álbum do Arctic Monkeys, 'Tranquility Base Hotel & Casino', em tal formato.

"Eu me apaixonei por vinis e cassetes graças ao meu pai (o contador Marcílio Silva, 58). Aquele chiadinho na agulha e os cassetes coloridos são um charme", exalta o estudante Rubélio da Silva, 16. No site www.polysom.com.br há detalhes dos produtos e orçamentos.

Expectativa de crescimento de 35% este ano
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Entre 2011 e 2017, a produção de vinil aumentou 269%. Nos dois últimos anos, o consumo em lojas subiu 38%. A previsão é de 35% este ano. "Só não será maior por conta da greve dos caminhoneiros, Copa do Mundo, eleições e aumentos de custos", lamenta João Augusto. Os componentes são diversificados, tendo como base o PVC, derivado do petróleo.
Ao todo, 14 funcionários tocam a fábrica, iniciada por Nilton Rocha e José Rosa, profundos conhecedores da atividade. Juntos, adquiriram velhos equipamentos de gravadoras que estavam sendo desativados, como Polygram e Continental. A fábrica chegou a fechar em 2007, mas foi reativada em 2009.
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Para João Augusto, o vinil jamais sairá de cena. "É uma experiência tátil, visual e auditiva. Manusear os quase 200 gramas do disco, colocá-lo na vitrola, observar magníficas artes de capas; ler o encarte; trocar de lado no prato e ainda curtir um som que tem vantagens cientificamente comprovadas sobre qualquer digital, transformam o vinil em fetiche, em objeto de desejo", resume. Não à toa que o slogan do empreendimento é "A fantástica fábrica de vinil...e, agora, cassete".
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