Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Um comissário do Esquadrão Antibombas da Polícia Civil do Rio foi preso em flagrante, acusado de desviar explosivos da corporação e vender para quadrilhas de traficantes. Carlos José Monteiro da Silva, de 59 anos, era chefe do paiol do Esquadrão Antibomba e o mais antigo instrutor de cursos da unidade.

A investigação da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) e da Coordenadoria de Recursos Especiais identificou que o desvio de granadas se dava com os artefatos que eram encaminhados para serem destruídos. O policial que deveria levar o material para a destruição seria, segundo as investigações, Monteiro.

Ele foi preso na quinta-feira, à tarde, quando saía do plantão na Cidade da Polícia. Os agentes abordaram o carro que o comissário dirigia na Avenida dos Democráticos. Dentro do veículo, foi encontrada uma mochila com nove artefatos explosivos improvisados, bombas artesanais, além de uma granada defensiva militar.

Dali, os policiais foram em dois endereços do comissário, onde foram encontrados ainda quatro revólveres e uma pistola, além de R$ 45,8 mil e mais 1,9 mil dólares em espécie. Duas das armas estavam registradas em nome da Polícia Civil. Os investigadores também encontraram centenas de munições de calibres diversos.

Segundo O DIA apurou, o policial que estava perto de se aposentar era 'de confiança do Esquadrão Antibombas' e não despertava suspeitas.

As investigações que resultaram na prisão de Monteiro começaram no mês passado, quando policiais do próprio esquadrão desconfiaram do material encontrado após uma explosão ocorrida dentro de uma casa em Irajá, perto da Favela Para-Pedro. O local, segundo a investigação, era utilizado como uma oficina clandestina do tráfico e o homem morto na explosão teria ligações com Monteiro.

"Dói, mas é preciso cortar na própria carne", disse um delegado que pediu anonimato. "Muito triste essa situação. Passei na Desarme e vi aquelas granadas todas. É lamentável. Mais de 20 anos de profissão jogados no lixo", contou outro delegado, que também para não ser identificado.

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