Maria da Luz foi atingida por um tiro de fuzil no sofá de sua casa - Agência O Dia
Maria da Luz foi atingida por um tiro de fuzil no sofá de sua casaAgência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Morreu, na tarde desta sexta-feira, Maria de Luz Silva, de 59 anos, que foi atingida por um tiro na cabeça dentro de sua casa na Favela Furquim Mendes, em Vigário Geral, na Zona Norte do Rio. Ela foi vítima de um disparo por volta das 7h, quando policiais do 16° BPM (Olaria) realizaram uma operação na comunidade e houve confronto com criminosos da região.

Há mais de trinta anos na comunidade, dona Maria da Luz era conhecida por parentes e amigos como uma “mulher alegre e reservada”. “Ela acordava cedo, fazia o café e só após às 9h ela abria o bar que era dona”, lembra a manicure Danielle Viana dos Santos, 32, vizinha da vítima. 

Familiares recebem a notícia de morte no Hospital Getúlio Vargas - Marcio Mercante / Agencia O Dia

Maria ficou viúva há dez anos após o marido não resistir uma doença. Ela deixa três filhos: Fábio, Fabrício e Fátima. Coube a filha receber a notícia da morte da mãe e avisar aos familiares e amigos que estavam na porta do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, durante toda a manhã.

Familiares contam que Maria da Luz era flamenguista doente e gostava muito de festa. "Ela preparava os quitutes para a gente e servia as bebidas. Ela nunca bebia. Era uma pessoa maravilhosa”, diz um amigo. “Ela estava alegre ontem. Ainda chamou a atenção de um garoto — brincando. A vida é muito estranha. Um dia a gente está ao lado dos conhecidos e no outro dia eles já se vão”,  completa outro. 

Maria da Luz - Reprodução Facebook

Mulher foi socorrida por familiares

A mulher foi socorrida por familiares até o Hospital Estadual Getúlio Vargas. A PM auxiliou no transporte da vítima até a unidade de saúde. Em nota, a PM informou que os policiais que faziam a operação foram chamados por moradores para auxiliar no socorro à Maria da Cruz. "Uma viatura do batalhão fez a escolta do carro em que a senhora estava sendo conduzida até o Hospital Estadual Getúlio Vargas", disse a corporação. O confronto ocorreu na Rua do Dique, que corta a região de Vigário Geral.

Hoje, durante o confronto, a mãe de Danielle Viana dos Santos estava na rua. “Meu irmão me avisou do tiroteio e disse que a minha mãe estava na padaria. Fui buscá-la e quando passei na porta da casa da Maria tinha uma gritaria e ela já estava baleada. Eu ainda cheguei a falar com ela. Disse: 'calma, o você vai para o hospital'. Ela tentava falar mas não conseguia”, relata a vizinha.

Familiares de Maria da Luz choram em frente ao Hospital Getúlio Vargas - Marcio Mercante / Agencia O Dia

Segundo a manicure, foi a neta da vítima, de apenas 15 anos, que a viu caída e já baleada. “Eu peguei a menina e levei ela pra minha casa. Ela está muito abalada”, completa.

Um filho da vítima conta que a pegou no colo, colocou em seu carro e levou para o hospital. "Eu parei os policiais e disse: 'Minha mãe foi baleada! Minha mãe foi baleada!' Então, eles vieram abrindo caminho", diz Fábio José da Silva, de 34 anos.

A ação da PM na comunidade, além da Favela do Dique, teve um criminoso morto e outros quatro presos. Um blindado da corporação levou o traficante baleado também para o Getúlio Vargas. Uma pistola calibre 9mm e um radiocomunicador foram apreendidos. A Delegacia de Homicídios (DH-Capital) foi acionada.

Moradores da favela afirmam que é frequente a troca de tiros entre bandidos e a PM. “Eles (os policiais) entram atirando. O pior horário é antes das 7h da manhã. As crianças saindo para a escola eles atirando para todo lado”, diz um vizinho da vítima.  

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