Prefeitura recadastra para o Ambulante Legal - Alexandre Brum / Arquivo / Agência O Dia
Prefeitura recadastra para o Ambulante LegalAlexandre Brum / Arquivo / Agência O Dia
Por NADEDJA CALADO

A assinatura do governador Luiz Fernando Pezão e do prefeito Marcelo Crivella, na tarde de ontem, em mais um projeto de revitalização para a Central do Brasil e seu entorno, representa uma nova tentativa para reverter o quadro de degradação da região, que sofre com a desordem urbana e violência.

As primeiras ideias de transformar a estação em terminal de alto padrão, com centro comercial, hotel, urbanização da região e restauração do edifício histórico foram apresentadas em 2012, em preparação para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, mas nunca saíram do papel.

A reportagem do DIA percorreu as ruas do entorno da Central, encontrando diversos problemas de ruas esburacadas e lixo acumulado a grupo de homens armados no alto de morros e até mesmo de árvores, passando por ambulantes irregulares nas calçadas e depredação de edifícios.

A região ainda sofre com frequentes tiroteios no Morro da Providência, primeira favela do Rio. Por isso, a rotina de quem faz integrações no entorno da Central não é fácil. É classificada como 'ponto único de encontro entre modais' em vários discursos na assinatura do convênio da revitalização.

Um exemplo de dificuldade enfrentada é o estado em que se encontra o Terminal Rodoviário Américo Fontenelle, que fica atrás da Central. O local atende aos moradores de municípios da Baixada Fluminense. Após a publicação da reportagem sobre a revitalização no DIA Online, um leitor, que preferiu não se identificar, entrou em contato para falar sobre a rotina de quem frequenta o local. Ele contou que os passageiros precisam dividir o espaço até mesmo com usuários de drogas.

"Usar esse terminal todo dia é uma coisa triste na nossa vida. Para chegar lá já é uma dor de cabeça, você anda mais na rua que na calçada por causa dos camelôs. Os ambulantes também tomam as duas esquinas, e você quase é atropelado na curva onde os ônibus entram, porque não conseguem passar direito. Parece uma coisa de outro mundo. Quando não chove, tudo enche de poeira, mas quando chove, tudo enche de lama. A iluminação é muito precária, fica assustador à noite. E as lâmpadas ficam penduradas, não tem telhas para abrigar as pessoas devidamente. Tem crateras no asfalto, é um abandono completo", resumiu ele, lamentando.

TELEFÉRICO

O terminal fica próximo a outro símbolo de abandono da Central: o Teleférico da Providência. Foram R$ 75 milhões em investimentos desperdiçados quando os serviços foram paralisados, em dezembro de 2016. As estações vêm sendo invadidas e depredadas. A viagem gratuita percorria 721 metros pelas outras duas estações (Alto da Providência e Gamboa) e atendia a cinco mil moradores da favela, ao custo de R$ 1 milhão por mês. O local se tornou um 'elefante branco' e não há previsão de retomada do funcionamento.

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