Na Penha, serviço conta com três pontos de embarque e desembarque, podendo levar até 25 passageiros - Alexandre Brum
Na Penha, serviço conta com três pontos de embarque e desembarque, podendo levar até 25 passageirosAlexandre Brum
Por NADEDJA CALADO

Os planos inclinados da Igreja de Nossa Senhora da Penha e do Outeiro da Glória estão sob ameaça. Nos dois santuários, os funcionários estão cumprindo aviso prévio até quarta-feira, quando os serviços serão paralisados. O motivo é que a Prefeitura do Rio não tem efetuado os pagamentos para as empresas terceirizadas Alfa Elevadores e Star Five Services. A Rioluz, responsável pelos equipamentos, alega que os contratos estão sendo revistos, mas as operações são executadas de maneira regular.

A possível paralisação, é claro, tem sido motivo de preocupação. Segundo João Oliveira Filho, provedor da irmandade da Igreja de Nossa Senhora da Penha, a administração teme que a mudança diminua a frequência de visitantes. O plano inclinado foi concluído em 2012 e comporta até 25 passageiros. "Faz toda a diferença. Recebemos muitos idosos e pessoas com deficiência para as missas, ou em excursões e peregrinações. Subir a escada, para elas, é um sacrifício", lamenta.

Ainda de acordo com João Oliveira Filho, a irmandade pretende tentar dialogar com a prefeitura para impedir a paralisação do serviço. Afinal, o santuário tem três pontos de embarque e desembarque, sendo usado por moradores das áreas mais altas da Vila Cruzeiro e também por aqueles que não querem subir a famosa escadaria de 382 degraus.

"Ainda não houve comunicação oficial, só fomos avisados pela empresa. O prejuízo maior, é claro, é da comunidade, daqueles que moram nas partes de difícil acesso. Mas nós também sofremos. Agora em outubro teremos as festividades de Nossa Senhora da Penha, chegamos a receber cinco mil pessoas por domingo. A falta do plano vai dificultar o acesso", critica.

No Outeiro da Glória, a notícia da paralisação dos serviços chega justamente na época dos festejos de Nossa Senhora da Glória. A festa só não foi atrapalhada porque os funcionários do plano inclinado abriram mão da redução na jornada de trabalho prevista no aviso prévio. Construído em 1945 e recuperado em 2003, o plano inclinado funciona com dois elevadores e leva até 12 passageiros.

"Fomos surpreendidos. É uma dificuldade para a igreja, moradores e trabalhadores. Só não vai atrapalhar nossa festa devido à consideração que os funcionários das cabines tiveram. Estamos tentando contato com a prefeitura para impedir o fim do serviço", conta o monsenhor Sérgio Costa Couto, capelão da igreja.

Morador da Glória há oito anos, o militar Lucas Pessoa, 28, só troca o plano inclinado pela escadaria quando vai passear com o cachorro, que não pode entrar na cabine. "É muito importante para quem visita a igreja, moradores e, principalmente, para idosos e pessoas com deficiência. Não é que seja difícil passar pela escada, é completamente sem condições. Se eu que sou jovem me canso, imagine eles", compara.

 

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